Eu passei um tempo afastado de “
Alta Fidelidade”. Vi o filme em 2001, li o livro no mesmo ano. Comecei a reler no início desse ano - o que não deu certo devido à preocupações com a faculdade. E no último domingo eu finalmente revi o filme. Dirigido por Stephan Frears e estrelado por John Cusack. E, apesar de achar o Jack Black um ator medíocre e pra lá de forçado, estou absolutamente convencido que essa é a minha comédia favorita.
Eu não vou falar que sou Rob Fleming/Gordon (Cusack), pois não sou. Já fui bem mais parecido e talvez me torne mais. Mas atualmente não. Porém, o filme tem sacadas geniais de todos os lados e me faz perder e reerguer a esperança no amor cerca de 50 vezes ao longo de seus 120 minutos. A história começa quando sua namorada, Laura, lhe tasca um pé na bunda e ele lista os piores fins de namoro que teve. Com a lista em mãos, ele decide procurar cada uma das ex para descobrir o que há de errado com ele e poder, assim, reconquistar Laura.
Ele é dono de uma loja de vinis. Junto aos seus funcionários ele pensa em inúmeras listas musicais. “Top 5 músicas sobre morte”; “Top 5 músicas 1 de lado A”, então...
Top 5 Coisas Que Amo em Alta fidelidade5: A Trilha Sonora: Jack Black canta “Let’s Get It On” (única merda do filme) mas tem também “I Want Candy”, “I’m Wrong About Everything” (John Wesley Harding) e “Always See Your Face” (Love). E Bob Dylan, Stereolab, The Velvet Underground, Stevie Wonder, The Kinks e 13th Floor Elevators.
4: A Chuva: Não tem nada capaz de me fazer mais triste do que chuva. Sempre achei essa coisa de “água que cai do céu” um tanto quanto poético e melancólico. E isso parece estar no filme. Toda cena de desespero de Rob, toda vez que ele chora, toda vez que perde as esperanças, está chovendo. Mas há algo de bonito e refrescante na chuva também. E o recomeço de tudo (o sexo com Laura no carro) é uma cena em que esta chovendo. E ela poderia o ter deixado, ter dito que havia se arrependido. Mas não. Foi, na verdade, o começo de uma
nova história.
3: Marie DeSalle: Tanto no livro quanto no filme (interpretada por Lisa Bonet) essa cantora é uma das minhas mulheres favoritas. Ela é esclarecida: faz sexo com Rob pois ambos estão carentes e decepcionados com o término do relacionamento anterior. Ela acredita que sexo é simplesmente um direito humano, completamente separado de sentimentos. “Eu não vou deixar que os sentimentos que ainda mantenho por ele [o ex] me impeçam de fazer um sexo de qualidade”, diz ela na manhã seguinte. Sem contar a clássica cena em faz Rob chorar com “Baby, I Love Your Way” – uma das músicas mais bregas da humanidade.
2: Congratulations, Laura: Ao listar os cinco finais de relacionamento que mais mexeram com ele - Alison Ashworth, Penny Hardwick, Jackie Allen, Charlie Nicholson e Sarah Kendrew - ele vira pra câmera e confessa: “Ok, Sarah não me magoou tanto. Eu só classifiquei ela pra que a Laura não entrasse na lista". Porém, algum tempo depois ele descobre que foi trocado, e não chutado. Como se isso não bastasse, o novo cara é o antipático escroto Ian Ray (Tim Robbins), ex-vizinho do casal. Depois de tentativas inúteis de pegar no sono, Rob chega a uma triste conclusão e diz: “Parabéns, Laura. Você acabou de entrar no Top 5”.
1: O final feliz: Do meio pra frente, o filme toma rumos diferentes do livro. Um deles é a presença de um esperançoso final feliz com um singelo pedido de casamento. A cena tem um dos monólogos mais legais do filme: Rob confessa que pode até desejar outras mulheres, mas sabe que elas são fantasias e que Laura é real e boa pra ele. É tudo que ele sempre quis e tudo que ele decidiu querer até morrer. Ele admite que cansou de pensar no passado – o que eu considero um feito inestimável.
Para ouvir depois de ler: A Hard Day's Night - The Beatles