terça-feira, 16 de outubro de 2007

Frasário

Grandes cadeias de livrarias reservam uma prateleira inteira para eles. E lá estão. De longe vejo. Geralmente pequenos. Geralmente rosas. Os livros otimistas. São livrinhos baratos, de poucas páginas recheados de frases para que o leitor “comece bem o dia”.

São inúmeras falas retiradas de grandes romances de Victor Hugo ou Mark Twain descontextualizadas e colocadas na boca desses autores como se fossem suas respectivas filosofias. Mas estamos acostumados com isso desde que William Shakespeare não sabia se seria ou não seria e que Carlos Drummond de Andrade virou apenas uma pedra no meio do caminho. E agora, José?

Não que eu não goste de citações, eu só também não tenho costume de colecioná-las. Já li algumas muito boas. “Leva-se muito tempo para ser jovem”, disse Picasso, por exemplo. Tem uma que li em um desses livrinhos na fila, desconheço o autor, mas lembro que diz: “Mentes são como pára-quedas; só funcionam depois de abrir”. Mas eu acrescento: cuidado que se estiver muito aberta fica fácil colocar bobagens lá dentro.
Para ouvir depois de ler: Those Sweet Words - Norah Jones

domingo, 14 de outubro de 2007

Prêmio Ignobel 2007


Pra quem não sabe, todo começo de outubro é época do Prêmio Ignobel – aquela sensacional paródia do Nobel que premia pesquisas bizarras e escracha com seus cientistas. Com vocês, alguns dos vencedores da edição 2007.

Medicina
Brian Witcombe, de Gloucester, Inglaterra e Dan Meyer, de Antioch, Estados Unidos, por seu incisivo relatório médico intitulado “O Ato de Engolir Espadas e Seus Efeitos Colaterais”.

Física
L. Mahadevan, de Harvard, EUA, e Enrique Cerca Villablanca, da Universidade de Santiago do Chile, por desenvolver um estudo a respeito da mania dos lençóis em ficarem amarrotados.

Química
Mayu Yamamoto, do Centro Médico Internacional do Japão, por desenvolver um método para extrair odor e sabor de baunilha de estrume de vaca.

Literatura
Glenda Browne, de Blaxland, Austrália, por seu estudo sobre artigos (“the”) e os vários problemas que eles causam para qualquer um que esteja tentando organizar títulos em ordem alfabética.

Paz
O Laboratório Wright, da Força Aérea em Dayton, Estados Unidos, por pesquisar o desenvolvimento da “bomba gay”, que faria com que os soldados inimigos se tornassem sexualmente irresistíveis uns aos outros.

Aviação
Patricia V. Agostino, Santiago A. Plano e Diego A. Golombek, da Universidade Nacional de Quilmes, Argentina, por descobrir que Viagra ajuda a atenuar os efeitos do jet lag em ratos.

Para ouvir depois de ler: Tick Tick Boom - The Hives

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Auto fidelidade

Eu passei um tempo afastado de “Alta Fidelidade”. Vi o filme em 2001, li o livro no mesmo ano. Comecei a reler no início desse ano - o que não deu certo devido à preocupações com a faculdade. E no último domingo eu finalmente revi o filme. Dirigido por Stephan Frears e estrelado por John Cusack. E, apesar de achar o Jack Black um ator medíocre e pra lá de forçado, estou absolutamente convencido que essa é a minha comédia favorita.

Eu não vou falar que sou Rob Fleming/Gordon (Cusack), pois não sou. Já fui bem mais parecido e talvez me torne mais. Mas atualmente não. Porém, o filme tem sacadas geniais de todos os lados e me faz perder e reerguer a esperança no amor cerca de 50 vezes ao longo de seus 120 minutos. A história começa quando sua namorada, Laura, lhe tasca um pé na bunda e ele lista os piores fins de namoro que teve. Com a lista em mãos, ele decide procurar cada uma das ex para descobrir o que há de errado com ele e poder, assim, reconquistar Laura.

Ele é dono de uma loja de vinis. Junto aos seus funcionários ele pensa em inúmeras listas musicais. “Top 5 músicas sobre morte”; “Top 5 músicas 1 de lado A”, então...

Top 5 Coisas Que Amo em Alta fidelidade

5: A Trilha Sonora: Jack Black canta “Let’s Get It On” (única merda do filme) mas tem também “I Want Candy”, “I’m Wrong About Everything” (John Wesley Harding) e “Always See Your Face” (Love). E Bob Dylan, Stereolab, The Velvet Underground, Stevie Wonder, The Kinks e 13th Floor Elevators.

4: A Chuva: Não tem nada capaz de me fazer mais triste do que chuva. Sempre achei essa coisa de “água que cai do céu” um tanto quanto poético e melancólico. E isso parece estar no filme. Toda cena de desespero de Rob, toda vez que ele chora, toda vez que perde as esperanças, está chovendo. Mas há algo de bonito e refrescante na chuva também. E o recomeço de tudo (o sexo com Laura no carro) é uma cena em que esta chovendo. E ela poderia o ter deixado, ter dito que havia se arrependido. Mas não. Foi, na verdade, o começo de uma nova história.

3: Marie DeSalle: Tanto no livro quanto no filme (interpretada por Lisa Bonet) essa cantora é uma das minhas mulheres favoritas. Ela é esclarecida: faz sexo com Rob pois ambos estão carentes e decepcionados com o término do relacionamento anterior. Ela acredita que sexo é simplesmente um direito humano, completamente separado de sentimentos. “Eu não vou deixar que os sentimentos que ainda mantenho por ele [o ex] me impeçam de fazer um sexo de qualidade”, diz ela na manhã seguinte. Sem contar a clássica cena em faz Rob chorar com “Baby, I Love Your Way” – uma das músicas mais bregas da humanidade.

2: Congratulations, Laura: Ao listar os cinco finais de relacionamento que mais mexeram com ele - Alison Ashworth, Penny Hardwick, Jackie Allen, Charlie Nicholson e Sarah Kendrew - ele vira pra câmera e confessa: “Ok, Sarah não me magoou tanto. Eu só classifiquei ela pra que a Laura não entrasse na lista". Porém, algum tempo depois ele descobre que foi trocado, e não chutado. Como se isso não bastasse, o novo cara é o antipático escroto Ian Ray (Tim Robbins), ex-vizinho do casal. Depois de tentativas inúteis de pegar no sono, Rob chega a uma triste conclusão e diz: “Parabéns, Laura. Você acabou de entrar no Top 5”.

1: O final feliz: Do meio pra frente, o filme toma rumos diferentes do livro. Um deles é a presença de um esperançoso final feliz com um singelo pedido de casamento. A cena tem um dos monólogos mais legais do filme: Rob confessa que pode até desejar outras mulheres, mas sabe que elas são fantasias e que Laura é real e boa pra ele. É tudo que ele sempre quis e tudo que ele decidiu querer até morrer. Ele admite que cansou de pensar no passado – o que eu considero um feito inestimável.

Para ouvir depois de ler: A Hard Day's Night - The Beatles

domingo, 7 de outubro de 2007

Fitas cassetes

Há algum tempo precisei de fitas cassetes pra fazer um trabalho de rádio. Coisa antiquada, né? Nesse mundo (pós?)moderno, que qualquer um dentro do ônibus tem um MP3 player, pra quê ainda fita cassete? O que me levou a outra questão: o que fazer com as fitas antigas?

Aí me passaram um site que tinha umas sugestões bacanas. A minha favorita é fazer um colarzinho com essas fitinhas de secretária eletrônica (como eu nunca pensei nisso antes?). Mas no site tem umas coisas ótimas envolvendo pop art, robozinhos, cintos e cartucheiras.





Para ouvir depois de ler: The Modern Things - Björk

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Que pressa, ein?

Estou lá, descendo a rua e reparo que estou andando deveras rápido, como se estivesse atrasado ou fugindo – e nem sempre estou. Se tem uma coisa que me espanta é isso: a pressa. Não que seja ruim (sabiam que eustresse é o nome do estresse que faz bem?) mas é que várias vezes é desnecessário. A sociedade atual está tentanto forçar amizade entre a pressa e a perfeição, mas não está dando certo...

3 – Comedores de letras: “to aki em ksa. qqr coisa mi da 1 tok”. Vou te dar é um soco na cara, ô analfabeto. Eu demorei 3 segundos para escrever aquilo ali em cima. Pra escrever corretamente (“Estou em casa, qualquer coisa me liga”) demorei 5. Ok, esses 2 segundos vão fazer diferença de verdade pra você?

2 – Balançar fotos Polaroid: Com revelação tradicional você precisa levar o filme ao laboratório e esperar pelo menos 1 hora. Com câmeras digitais você precisa descarregar em um PC e mandar imprimir. Polaroid ainda é a maneira mais rápida de se ter uma fotografia física, não é? Então qual a diferença ela estar pronto em cinco minutos ou em quatro com você balançando a foto?

1 – O botão de FP: Tem coisa mais patética? Você entra no elevador e a porta vai se fechar em cinco segundos. Pra quê apertar o botãozinha de “fechar a porta”? O que aqueles segundos vão mudar na rotina do seu dia? Seria pior subir de escada, por exemplo. As pessoas realmente viram escravas de coisas que, há pouco tempo, nem existiam.