quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O problema dos livros

Tudo começa de maneira inocente: você está na casa do seu amigo ou amiga conversando despreocupadamente, e ele ou ela te fala o quanto aquele livro é legal. Você olha a capa do livro, olha a cara da pessoa, sente o peso do livro na mão e profere as famosas últimas palavras: - Posso levar?

Últimas palavras para o livro, é claro. Ele vai se juntar àquela gigantesca pilha que você deu o nome de "Livros que eu preciso ler urgentemente", cujo tamanho é o mesmo da vergonha que você sente ao olhar para ela. Você só sente vergonha maior quando olha para aquelas outras duas pilhas: a "Livros que eu preciso muito ler urgentemente mesmo" e "Livros que eu preciso ler e devolver senão não conseguirei mais me sentir um ser humano novamente". E eu deixo as pilhas perto da prateleira de livros que já li e isso causa, aposto, ciúmes entre eles.

Pegar emprestado livros que você sabe que não vai ler é um misto de querer abraçar o mundo (vou ler todos os livros legais que me recomendarem), de superestimar a própria capacidade de leitura (amanhã vou ler "Em Busca do Tempo Perdido", "O Tempo e o Vento" e uns dois ou três volumes da enciclopédia Barsa, antes do almoço) e de ter uma espécie de piedade desnecessária pela pessoa que está te oferecendo o livro emprestado (ele vai ficar magoado comigo se eu não aceitar; coitada, ela está oferecendo tão assim de coração).

Mas o pior é que nem são apenas os emprestados – mas é impressionante como meu semblante faz com que os outros pensem que presente perfeito pra mim seja sempre um livro. Tudo bem, gosto de ganha-los, mas parece que a pessoas entra na Leitura do Pátio, fecha o olho, rodopia e aponta pra uma prateleira. Daí tenho também uma pilha de livros que ganhei e nunca li. Dos que li, raros gostei. As minhas pilhas em casa estão cada vez maiores, quase do tamanho da minha irmã mais nova. Tenho a esperança que alguma mágica aconteça e que, durante uns três meses, meu dia tenha 576 horas, em vez de só 24h. Aí, sim, meu problema com os livros que não li estaria resolvido.



Para ouvir depois de ler: Spineless - Alanis Morissette

domingo, 16 de dezembro de 2007

Um brinde a Amy Winehouse

Imagine uma moça magrinha que é a mistura da Janice, de “Friends”, com a Fran Fine, da série “The Nanny”. Agora cubra esta pessoa com tatuagens pin-ups e naivy e lhe dê o alcance vocal de Aretha Franklin, mas com a rouquidão sexy de Etta James. Pronto, você acabou de criar Amy Winehouse.

Nascida e criada numa família judia no subúrbio de Londres, Amy ganhou sua primeira guitarra quando era ainda uma garotinha. Ela e o irmão, Alex, até tentaram formar um grupo de rap. Seu pai era taxista e sua mãe farmacêutica, mas eles tinham um histórico de músicos de jazz na árvore genealógica. Ela já canta e toca há muito tempo, mas foi só depois de “Rehab”, uma bem-humorada e biográfica canção sobre overdose e reabilitação, que a moça apareceu nas paradas e conseguiu divulgar todo o seu trabalho - os álbuns “Frank” (2003) e “Back to Black” (2006).

Mas o negócio é o seguinte: Amy Winehouse, independente dessas coisas, é uma ótima artista. Tem uma ótima voz, boas letras e um super bom-humor – mesmo sóbria. E ela está lançando como aposta de vendas pro Natal seu primeiro DVD ao vivo, com as melhores canções dos dois álbuns. Novamente, ela não larga a birita durante o show todo, mas ela está uma delícia e cada segundo vale à pena de ver, rever e cantar junto. Chears!

Texto completo aqui.

PS: O DVD chama “I Told You I Was Troube: Amy Winehouse Live in London”, vem com 20 – sim, eu disse vinte – músicas e ta custando em média 40r$. Tô super aceitando, ok?

domingo, 9 de dezembro de 2007

Digitei meu nome no Google

E apareceu, além de resultados de vestibulares e fóruns que eu nem lembrava que existiam – muito menos que participei -, muita bizarrice. O primeiro foi esse site aqui, de um projeto desenvolvido na faculdade que agora eu vejo e acho uma merda. Foi há muito tempo e eu não lembro o nome de metade das pessoas – mudei de turno.

O segundo é essa notícia de esportes aqui! “Gabriel Santos pode ser o último reforço do Galo”. Hilário. O terceiro deu num site recheado de fotos de carinhas lutando. Que eu me lembre nunca pratiquei luta livre – bom, não profissionalmente. Mas é que o webmaster do site é meu xará. Mas também achei esse, um hotsite sobre Yoga que fiz há um bom tempo também. Achei o máximo e hoje, ao reler, percebi alguns erros de português, mas faz de conta que eu não vi. Atualmente tem o blog com amigos e o blog da empresa também.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Quem mexeu na literatura?

Ontem, dentro do ônibus, reparei que uma das mulheres que teve sorte de conseguir sentar-se segurava um catálogo de livros. Eram várias capas bonitas com preços chamativos. Mas nenhum me chamou mais atenção do que o “Como Lidar com Pessoas Difíceis” – que custava apenas 5,99 r$. Isso mesmo.

Não sou categoricamente contra livros de auto-ajuda. Acredito ser possível dar idéias para ajudar os leitores. Mas acho que, na verdade, só não sou um defensor ferrenho da extinção do gênero pois me divirto com títulos como esse. Eu vi num site um que se chama “Are You Your Mother?”.

É verdade, não são escritos com tanto apuro quanto um volume de Shakespeare ou Twain, mas eles vendem tanto que é certo que estão funcionando - ou pelo menos atraindo leitores. Afinal, quem não quer ler “Você Pode Influenciar Pessoas” ou “Como Vencer Discussões – Mesmo Estando Errado”? Quer dizer que podemos mandar e fazer todo mundo obedecer? Discutir com o chefe e receber um aumento? Tô dentro.

Porque, por mais canastrões que esses livros sejam, não são como aquele e-mails safados que chegam prometendo te ensinar inglês durante uma soneca. Os livros de auto-ajuda foram elaborados durante um bom tempo, em geral por psicólogos, médicos ou professores de renome e certificado na parede. Talvez não funcione para 100% das pessoas, mas se ajeitarem a vida de dois ou três, você não acha que já valeu?

Na verdade, acho que funcionam pois a pessoa já está pré-disposta à mudança, né? A mocinha tá cansada da vida e vê um livro desses, baratinho, na livraria do shopping: batata. Compra, lê, muda tudo, separa, viaja. E, se tudo der certo, em breve vira a famosa autora do best-seller “Descubra as Contas que Aquele Cachorro do Seu Ex Mantinha na Suíça".

Para ouvir depois de ler: Everybody Knows You Cried Last Night - The Fratellis

sábado, 1 de dezembro de 2007

Da arte de ver TV nas férias

Gente, já é dezembro. Que coisa, não? Será que ouso escrever que passou rápido? Passou, mas é muito clichê falar isso, né? Esquece então. O negócio é que o mês doze sempre vem acompanhado de algumas coisas muito boas. A comilança natalina, as promoções de celulares por 10 reais e as férias. Ah, as férias.

Eu geralmente não viajo e nesse dezembro-janeiro-fevereiro não será diferente, mas adoro e até prefiro – pois, afinal, que opção de viagem eu tenho nesse Brasil se eu odeio praia, sol, cachoeira, sítio, fazenda e samba? Adoro ficar em Belo Horizonte nas férias. Posso beber cerveja todo pôr-do-sol. Posso ir ao cinema nas terças-feiras! Posso acordar tarde. Em casa lendo. Em casa vendo TV.

O-ou! A TV. Eu não me responsabilizo se, em duas semanas de férias, eu já souber de cor todas as histórias daqueles programas imbecis que passam nos canais abertos de tarde. Por que é assim: eu vejo cerca de quatro horas de TV por semana (sim, apenas isso!). Todas elas usadas na TV por assinatura. Mas uma vez que você passa o dia inteiro em frente àquela caixa você perde o interesse.

Os senhores Hanna e Barbera fizeram pra lá de 150 desenhos espetaculares, mas o Boomerang passa 18 horas seguidas de "Dom Pixote". Todos os episódios de "Detetives Médicos", do Discovery, sempre começam com a frase "era um dia como outro qualquer na pacata cidade de...". O History Channel só fala sobre a Segunda Guerra Mundial, o People & Arts passa sempre o mesmo episódio de "Feira de Antiguidades" (ainda que o programa tenha 21 anos de acervo). A HBO exibe um monte de programinhas de bastidores antes de começar um filme e, quando ele começa, nunca é o filme do qual tratava o programinha. Já reparou nisso?

Então o lema dessas férias é: “Mexeu comigo? Mexeu com a Márcia!”.