quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Amei esse livro.

Se você acha que a miséria leva à violência, que os Estados Unidos são culpados pelos problemas do mundo e que Bin Laden é um justiceiro, não deixe de ler este livro. O filósofo André Glucksmann explica o mundo de hoje a partir do ódio. Terroristas que caçam motivos para justificar sua vontade de destruir, ativistas que criam enredos para arranjar um culpado por seus problemas e, como o macro é o micro, cantores de rap exaltando ódio à elite branca e privilegiados usando blusas com sátiras ao atentendo de 11 de Setembro ao WTC. O autor alerta: no tempo das bombas atômicas, o discurso do ódio pode causar um estrago pior que a 2a Guerra Mundial. E é verdade. Ou você achava que essa humanidade nossa já relegou os ódios coletivos aos livros de história e levou as perversões individuais para os psicólogos?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A ruptura new rave?

Na ceninha de Belorizonte já é mais que obrigatório que todo lugar tenha uma festinha new rave por semana. Nada contra: Klaxons, Bonde do Rolê, Simian Mobile Disco e CSS fazem parte dos sets e eu gosto do som deles. O problema é que ainda não está bem certo se é um estilo, uma tendência, apenas um simples apelido ou – a opção que tenho como verdadeira – tudo isso junto.

O termo surgiu aleatoriamente e se tornou hype. A parte legal é que elementos de várias gerações se misturam: roupas coloridas e bastões de néon num clima de festa e bagunça decadente ao som de batidas que embalam o público que dança sem parar às músicas que misturam rock clássico com as novas vertentes do eletrônico (ou seja, bye bye Prodigy!).

Acho que tudo começou, na verdade, com o primeiro álbum do LCD Soundsystem, pois eles começaram a misturar rock e e-music. De lá pra cá veio o The Rapture (com seu sugestivo nome pra esse contexto) e aí os ingleses do Klaxons. Então, agora, basta uma cor neon ou um sintetizador mais forte pra falarem que The Strokes, Clap Your Hands Say Yeah e Arctic Monkeys são new rave! Acho que essa rotulação atirando-pra-todos-os-lados pode fazer do new rave mais um simples termo diante de tantos outros que surgem e desaparecem no mundo da música.

Pra pressionar o termo a não sumir tem gente que aceita como verbete, outros como gênero musical, outros como moda mesmo. O mais bizarro do movimento new rave é a sua existência inexistente (uau, essa foi a frase mais paradoxal da minha vida). Pois não é um movimento, mas ninguém sabe direito o que é. “É tão subjetivo que é quase uma sensação, um sentimento” alguém me disse outro dia. Rapaz, talvez meu pai seja new rave e nem saiba.

Para ouvir depois de ler: The Fuckwits - Fuck New Rave

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

As feel-good songs!

Canções como “Wake Up Alone” da Amy Winehouse e “No Pressure Over Cappuccino” da Alanis Morissette têm o poder de me deixar pra baixo, meio melancólico ou – como minha mãe insiste em rotular – deprimidinho. Mas, para minha sorte, a modinha do verão é ouvir feel-good songs! Pense nas baladinhas dos Cardigans e dos White Stripes. “Keep Fishing”, do Weezer, também.

Sim, as feel-good songs voltaram com tudo – odeio essa expressão. Geralmente são musiquinhas folk com violões simples e pianos, que trazem um ar retro. Mocinhas bonitinhas cantam lindamente letras também bonitinhas sobre coisinhas do dia-a-dia. Relacionamentos, rotina, amores, animais de estimação. Elas não cantam nem tocam mal e as músicas são feitas pra gente ouvir e ficar alegre. Algumas ainda nos dão a chance de soltar uns palavrões e dar uns gritos.

E eu estou adorando. Essa onde está me fazendo bem, eu acho. Gosto de letras doces e de arranjos simples – e as duas coisas estão vindo agora juntas. Começou com Feist. Desde a propaganda daquele perfume da Lacoste a música não saía da minha mente. Depois veio Regina Spektor, minha a favorita do estilo. As letras são ótimas, ela canta sobre amores, família, cultura, história, drogas e religião. Tem pianinho, guitarrinhas, beat box e batuques em cadeiras. Ela é bonita e tem senso de humor.

Também entram na lista Fiona Apple (pouca coisa, na verdade) e Kate Nash – que descobri recentemente e ando viciado. No Brasil, acho que o CD solo da Fernanda Takai – que eu recomendo – serve muito bem de exemplo. Bem mais da metade dele tem o frescor dessas músicas pra ser feliz.

Esse ar infantil despretencioso dessas canções é tão legal! :)



Para ouvir depois de ler: Feel Good Inc. – Gorillaz

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Últimas considerações sobre Cabala.


No comecinho desse blog eu fiz uma série de postagens sobre coisas que não quero mais discutir com quem não vale a pena. Coisas como política, vegetarianismo e celebridades vazias. Dessa vez, e por causa de acontecimentos na semana, resolvi falar sobre Cabala.

As pessoas não conhecem direito o que é, acham que é uma seita ou uma religião, mas é uma doutrina – no sentido de conjunto de idéias. São idéias sobre Deus, o Universo e tudo que acontece no mundo. São conceitos que pré-datam religiões, na verdade, mas durante muito tempo ela foi um anexo do judaísmo.

A cantora Madonna começou a ler sobre Cabala no final dos anos 90. Nessa época, eu nem prestava atenção no que ela fazia. Porém, tenho um tio que estava, na mesma época, estudando prismas, pêndulos, Reiki, meditando e lendo sobre Cabala também. Sempre que possível ele compartilhava alguma idéia comigo e isso era bem interessante.

Meu interesse ficou limitado a isso durante um tempo. Entretanto, alguns meses depois que comecei a fazer yoga, ganhei de aniversário o CD “Ray Of Light”, dela. As letras eram recheadas de significados, indagações, idéias e mantras – e quem conhece o álbum sabe como ele é surpreendentemente profundo. Pesquisando sobre as músicas a palavra “Cabala” pulou. Eu não sabia que havia uma relação ainda. Com mais pesquisas, vi que a sabedoria judaica tinha mudado muito a vida dela e resolvi saber mais sobre ela.

Com a ajuda do meu tio, li vários livros e comecei a colocar conceitos em prática. Com a internet, pude conversar e trocar idéias, respostas e perguntas com muita gente que sabia mais do que eu sobre o assunto. Professores, rabinos e vários outros cabalistas.

O que aconteceu e foi definitivo é que eu realmente estava numa fase de busca bem solitária da minha vida, querendo entender o mundo. Eu fazia terapia e yoga todo dia. E, somado a isso, a Cabala me deu respostas que estive procurando durante muito tempo. Criado numa família católica, ninguém podia me responder porque Deus criou o mundo, porque coisas boas acontecem com gente ruim e outras dúvidas do tipo. A Cabala é um conhecimento que interpreta o Velho Testamento de uma forma não-literal – pois ele inteiro é uma metáfora – e explica como receber bênçãos da maneira correta. Para entendê-la você pode fazer parte de qualquer e nenhuma religião, pois os ensinamentos são colocados em prática no dia a dia – e não ficam parados em livros ou em painéis como vários por aí.

Eu não me importo de acharem que comecei a estudar Cabala por causa da Madonna. De certa forma foi mesmo. Mas eu não perco mais meu tempo em discutir com pessoas que querem me provocar apenas com esse argumento – pois tenho certeza que, se eu achasse algo ruim ou não condissesse com o que eu estava procurando, rejeitaria.

Acho que as idéias são muito interessantes e fariam bem para todas as pessoas, mas eu não saio por aí pregando as idéias – pelo menos não de forma explícita. E, por isso, eu só discuto Cabala agora com quem está interessado e aberto a ouvir.