domingo, 24 de agosto de 2008

Quero ver esse filme



Decidi que ia ler “Ensaio Sobre a Cegueira” quando vi o vídeo do autor, o português José Saramago, chorando depois de assistir a adaptação do cineasta Fernando Meirelles para o livro. Para quem não sabe, eles narram um misterioso surto de cegueira que invade uma cidade e leva os primeiros infectados para quarentena – mas há ali, em segredo, uma mulher capaz de enxergar.

Hoje faz mais ou menos uma semana que terminei o romance e ainda estou digerindo. Falando o máximo possível sem contar demais, o final é tenso, pois quando faltam cinco páginas para o fim o caos ainda não está acabando. E foi me dando um medo de ser um daqueles finais fáceis, todo mundo se mata ou “ah, era tudo um sonho”. Mas não foi o caso.

Como acontece com boa parte dos livros e filmes, o final não influenciou muito na minha opinião sobre o todo. Mesmo se “Ensaio...” tivesse acabado com o despertar de um sonho, teria valido à pena. As páginas anteriores propõem muita reflexão e os personagens são interessantíssimos de acompanhar.

Li uma entrevista com Meirelles semana passada. Nela, o diretor compara as duas obras. “Muitas pessoas leram o livro e gostaram, portanto, o filme é perfeito para frustrar 75% dos espectadores”. Afinal, certas idéias e personagens não entraram no longa-metragem. Ele diz que ficou com medo de ficar um filme muito metafórico. Quem leu sabe que o livro dá margem para um blockbuster cine-catástrofe e o diretor não quis seguir esse caminho, ainda bem.

Teve crítica falando que o filme é deprimente e outra falando que é o melhor longa dos últimos cinco anos! “O que me assustou [no livro] era a fragilidade humana. Como a gente assume o que não é e vive de aparência”, disse o cineasta. E também foi isso que mais me chamou atenção. Se Meirelles conseguiu colocar isso no filme, já sei que vou gostar.

Meirelles teve muitos problemas para finalizar o trabalho, um caos digno daquele narrado pela película. Ele fez um blog para contar essas aventuras e confessou lá que a fotografia foi muito inspirada em quadros de Rembrandt, alguns dadaístas, cubistas... Para ver os trailers do filme, clique aqui e aqui.

O filme “Ensaio Sobre a Cegueira” (“Blindness”), da produtora brasileira O2 Filmes, da japonesa Bee Vine Pics e da canadense Rhombus Media, estréia no Brasil dia 12 de setembro. No elenco estão Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga e Danny Gloover. E, rapaz, como estou a fim de ver esse filme...

Para ouvir depois de ler: Björk - I've Seen It All

domingo, 17 de agosto de 2008

Sobre almas gêmeas

Um episódio do seriado “Sex and the City” me intrigou. Questionada se John era sua alma gêmea, Carrie começou a pensar, antes, no conceito de alma gêmea. Afinal, tem gente que acredita e tem gente que não. E isso já dá margem pra discussão.

Diz-se que todo mundo vem ao mundo destinado a uma pessoa, que vai lhe completar e viver feliz para sempre com você. Portanto, a ironicamente fácil tarefa que nos resta é achar tal pessoa. Mas começam as dúvidas logo aí. Se você não encontrar, significa que não será feliz com mais ninguém? E se você acha que encontrou e não dá certo? E como assim destinado a uma pessoa? A alma gêmea da moça precisa ser um homem, então. Funciona assim? Lésbicas não têm alma gêmea? E, se tanto faz o sexo, o que acontece se a alma gêmea de um cara hetero for outro cara? E se sua alma gêmea vir a falecer?

Eu acredito em amor à primeira vista, mas não em almas gêmeas. Aliás, acredito em amor de alma gêmea. Por que não importa se você é apaixonado pelo fulano desde o colegial ou desde ontem, pra relação dar certo é preciso esforço. E se todos se esforçarem o suficiente, vai dar tudo certo. E serão almas gêmeas. Não tem dessa de metade que completa o outro. Todo mundo já está completo e deve ter maturidade para se fazer pronto para compartilhar o que acumulou e se sentir bem ao receber a sabedoria alheia também.

É aquele caso de amar por amar. Depois de um tempo, as coisas físicas saem de cena. Você deixa de amar o bom-humor, o visual, o fogo na cama. Tudo está lá, faz parte, é agradável, mas não são mais essas coisas o combustível da relação. Amor em nível de alma é isso, beira o incondicional. Almas gêmeas não se acham, são construídas.

Para ouvir depois de ler: Incomplete – Alanis Morissette

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

The one and only

Este ano Madonna completa 25 anos de carreira e, amanhã, cinquentinha de idade. A importância dela é inegável. Todo mundo conhece uma música e, se acha que não foi influenciado por ela, com certeza foi por alguém que foi influenciado. Madonna inventou caminhos diferentes para a música pop e apertou botões na sociedade.

Madonna, vestida de noiva, mostrava a calcinha na MTV enquanto Michael Jackson levava a nomoradinha pra ver um filme de terror; ela é sinônimo de música pop com atitude. Um álbum com mais, outro com menos, o convite a reflexão está lá. Além disso, ela revolucionou a história do videoclipe e da maneira de montar shows ao vivo. Já falei sobre isso em um post que escrevi no aniversário do ano passado. Não vou falar que ela é gostosa e está toda em cima, não é sobre isso essa data, certo? Em sua discografia oficial, de “Madonna” (1983) a “Hard Candy” (2008), tem de tudo. Pop, rock, electro, acústico, rap, jazz, blues, house, musicais, baladas, midtempo. Não há cafetão por trás de Madonna, ela está no controle e, em seus discos e shows, entende de tudo – mixagem, sistemas de som, iluminação.

Se não for pra admirar a sua música, que seja seu dom para os negócios ou sua persona. Mesmo quem não curte Madonna precisa saber como ela é a voz de uma geração, um espelho transparente – as pessoas mudam com ela e ela muda com o mundo. Ela prova com graça e sem pretensões que é possível ser tudo ao mesmo tempo: sexy, casada, espiritualizada, ambiciosa, bonita, mãe, engraçada, perfeccionista. E essa capacidade de unir coisas distintas com harmonia me faz admirá-la. Eu tento ser assim, pois ela prova que é possível. Sem falar que gosto bastante das músicas também. Estamos todos de parabéns.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Panelinha Sessão da Tarde

E não estou falando da panelinha de brigadeiro ou de pipoca que você fazia pra acompanhar o filme não.

Qual é o critério pra um filme passar na Sessão da Tarde? Bom, um deles é ter sido lançado há, no mínimo, 10 anos. Vira mexe e vemos grupos de crianças – que agora são adultas ou já morreram – buscando tesouros; aquele grandalhão cuidando de um jardim de infância; aquele loirinho sozinho em casa ou Brooke Shields com 15 anos de idade na “Lagoa Azul”.

Você não tem a impressão de que são sempre as mesmas pessoas? Eu imagino o Steve Martin lendo um contrato que traz uma cláusula pequena, parágrafo único, sobre Sessão da Tarde. Porque eles devem ganhar dinheiro com isso, né? Pode-se dizer que, se cai um centavo na conta bancária do ator cada vez que ele apronta confusões na tarde da Globo, boa parte da fortuna de Eddie Murphy veio daqui.

Me emprestaram o DVD de “Os Goonies” e ouvi reclamações dele não ter uma versão dublada. Taí outro requisito da Sessão da Tarde: filme dublado. Afinal, sempre são comédias, romances, infantis ou tudo junto. Impressionante como “Esqueceram de Mim” fica diferente no idioma original. E a voz dublada do Bruce Willis, que ótima? E a da Whoopi Goldberg!?

Por falar em “Goonies”, o roteiro é de Chris Columbus. Ele é o diretor de “Esqueceram de Mim” e do primeiro filme da série do bruxo Harry Potter. Os sensacionais “Uma Babá Quase Perfeita” e “Gremlins” também são dele. “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, aliás, faz dez anos em 2009. Em breve está passando depois do Vídeo Show e o ciclo se fecha. Essa era a panelinha que eu queria apontar. Chris Columbus domina a Sessão da Tarde! Tá, mentira. Temos que levar em conta “Meu Primeiro Amor”, “Edward Mãos de Tesoura” e “Indiana Jones” também. Mas seja na produção ou no elenco, parece que é sempre o mesmo povo. Vou pesquisar isso...

domingo, 3 de agosto de 2008

Sábado com Fernanda Takai

Sabe o programa “Tira Onda”, do canal de TV por assinatura Multishow? O conceito é simples: com câmeras escondidas ao seu redor, uma personalidade se disfarça de pessoa comum, por assim dizer. Juliana Paes tirou onda como balconista de livraria, Daniele Suzuki como caixa de supermercado. É a primeira vez que o programa vem a Minas Gerais e a gravação será com Fernanda Takai. Saio correndo atrasado e paro no Mercado Central, aqui em Belo Horizonte. Acho o pessoal e ouço as instruções. Vou ser assistente de produção do programa.

Fernanda Takai chega, sempre simpática e sorridente. Diz “obrigada” a todos que passam e gritam elogios e depois conversa com as produtoras do programa. No total somos cerca de 16 pessoas, sendo que mais da metade veio do Rio de Janeiro. Fernanda vai se passar por uma atendente de uma loja que vende ervas e raízes.

Primeiro foi preciso, com muito custo, esvaziar um corredor para Fernanda gravar uma passagem – a abertura do programa onde ela se apresenta e diz onde está. Essa não é uma tarefa fácil levando em conta que o Mercado Central é um dos lugares que mais passa gente nessa cidade. E era uma da tarde de sábado! Mas ainda não era essa a parte mais difícil.

Vimos onde estavam as câmeras e, sem interferir no fluxo natural dos clientes da loja, precisaríamos pegar a autorização do uso de imagem de todas as pessoas que passassem na frente delas! E forem bem lá umas mil pessoas, no mínimo. Algumas simpáticas, outras super grossas, fomos tentando recolher permissões durante toda a gravação, que durou cerca de duas horas.

Todo mundo super cansado, mas feliz com o término da gravação. Deu tudo certo no final – sempre dá – e agora é hora de todos almoçarem juntos (às quatro da tarde). Não foi fácil pegar uma mesa pra vinte pessoas no Casa Cheia – o restaurante do Mercado Central que ganhou o concurso Comida Di Buteco desse ano. Sentados, pedimos o prato vencedor: almôndegas de carne de sol com molho de abóbora e queijo, arroz com brócolis e alho e batatas fritas.

Abraços e beijos e “prazer em conhecer” pra todo mundo. Levanto, vou pra casa e minhas pernas doem. Mas foi um sábado muito interessante. Bem diferente e, na maior parte dos momentos, divertido.

Para ouvir depois de ler: Diz Que Fui Por Aí - Fernanda Takai