"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!"
Esse é um trecho de “A Gaia Ciência”, último trabalho da fase positiva de Nietzsche, que resume um pouco o conceito de “eterno retorno”. A ideia é a que bem e mal, angústia e prazer, dia e noite, são eventos e sensações que se alternam, inevitavelmente. Tanto na história pessoal quanto na mundial, tudo é cíclico. Pense aí na sua vida se não é verdade. Amores, decepções, depressões, novos amores. Crises, crescimentos, guerras, epidemias.
A questão ali foi posta por um demônio e dá arrepios só de pensar: conseguiria você viver, de novo, toda a sua vida? Isso quer dizer mesmos erros, acertos, prazeres, e essas coisas poéticas todas. Mas pense no lado mais material. São as mesmas doenças, curas, empregos, pais, moradias, chefes, crises, notas na escola, tapas na cara.
Eis porque a proposta é de um demônio. Embora pareça interessante em princípio, a proposta é absolutamente agoniante. Não é um presente divino e sim uma maldição. Você já pensou no passado e suspirou “Ah, se naquela época eu soubesse o que eu sei hoje”? Viver de novo a mesma vida é viver sempre com esse suspiro preso em você, vendo as coisas acontecerem iguais e imaginando como você poderia ter feito diferente.
Por outro lado, a reflexão é boa. Para poder viver a mesma vida, devemos amá-la muito, devemos tê-la vivida de forma muito lúcida e prazerosa e termos alcançado tudo que queríamos. Devemos? A questão é essa. Devemos ter amor ao nosso destino irremediável ou construí-lo?
Apenas seríamos capazes de amar a vida que temos a ponto de querer vivê-la novamente se ela for muito boa. E isso não está completamente nas nossas mãos. Ou está? Pois apesar das inúmeras histórias que religiões e cultos têm inventado, não temos garantia nenhuma que há mais do que essa vida besta nossa, essa que começou no ventre da sua mãe e que terminará numa cama de hospital - ou numa faixa de pedestre. Então é melhor tentar deixar cada momento merecedor de ser vivido de novo, certo?
Para refletir.
Esse é um trecho de “A Gaia Ciência”, último trabalho da fase positiva de Nietzsche, que resume um pouco o conceito de “eterno retorno”. A ideia é a que bem e mal, angústia e prazer, dia e noite, são eventos e sensações que se alternam, inevitavelmente. Tanto na história pessoal quanto na mundial, tudo é cíclico. Pense aí na sua vida se não é verdade. Amores, decepções, depressões, novos amores. Crises, crescimentos, guerras, epidemias.
A questão ali foi posta por um demônio e dá arrepios só de pensar: conseguiria você viver, de novo, toda a sua vida? Isso quer dizer mesmos erros, acertos, prazeres, e essas coisas poéticas todas. Mas pense no lado mais material. São as mesmas doenças, curas, empregos, pais, moradias, chefes, crises, notas na escola, tapas na cara.
Eis porque a proposta é de um demônio. Embora pareça interessante em princípio, a proposta é absolutamente agoniante. Não é um presente divino e sim uma maldição. Você já pensou no passado e suspirou “Ah, se naquela época eu soubesse o que eu sei hoje”? Viver de novo a mesma vida é viver sempre com esse suspiro preso em você, vendo as coisas acontecerem iguais e imaginando como você poderia ter feito diferente.
Por outro lado, a reflexão é boa. Para poder viver a mesma vida, devemos amá-la muito, devemos tê-la vivida de forma muito lúcida e prazerosa e termos alcançado tudo que queríamos. Devemos? A questão é essa. Devemos ter amor ao nosso destino irremediável ou construí-lo?
Apenas seríamos capazes de amar a vida que temos a ponto de querer vivê-la novamente se ela for muito boa. E isso não está completamente nas nossas mãos. Ou está? Pois apesar das inúmeras histórias que religiões e cultos têm inventado, não temos garantia nenhuma que há mais do que essa vida besta nossa, essa que começou no ventre da sua mãe e que terminará numa cama de hospital - ou numa faixa de pedestre. Então é melhor tentar deixar cada momento merecedor de ser vivido de novo, certo?
Para refletir.