terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sobre filmes pornôs

Estava relendo textos antigos meus e achei este, do dia 2 de dezembro de 2007.

Alguns sabem as inúmeras histórias engraçadas que trabalhar numa locadora de filmes me deu. Especialmente a sessão de “filmes eróticos”. É muito curioso quando chega uma mulher fina pra alugar um desses – sempre imaginamos que a clientela é só de velhinhos tarados ou de jovens frustrados, mas dá todo tipo de gente. E o motivo é que há todo tipo de filme. E, durante uma faxina por lá, tomei a liberdade de listar aqueles com os títulos mais engraçados e postá-los aqui.

Começando com "Kinky Ladies Of London”, um filme britânico, óbvio. Daqueles bem hardcores aparentemente. As fotos da capa dão até medo. Super impressão de que em London toda Lady é kinky. Há também um chamado “Perereca 220 Wolts”. e eu não sei o motivo e nem quero saber. Ao contrário do outro, a capa/contra-capa é muito light. Mas o título é engraçadissímo, diz aí!

Não posso fazer um post sem citar “La Conga Sex” o filme da Gretchen. A capa do filme simplesmente diz “photoshop!”. Aí você vira e tem fotos dela de quatro e tals e me dizem “gente, mas essa mulher não era evangélica?”, e eu digo “ué, que eu saiba evangélica também faz sexo”. Não faz?

O melhor foi um cara que perguntou sobre novidades por trás das cortinas e esse era o filme mais novo. Com idade para ser meu pai, ele arregalou os olhos e perguntou, todo feliz: "Uau, com aquela bunda dela deve ter pelo menos uma cena de anal, né?"

Tem dois que o título também me chama a atenção: “Ensina-me A Transar” - pois faz piada com “Ensina-me a Viver” e tem uma freira-dominatrix na capa -, e “Mandingas do Sexo”. Esse último achei estranho, pois eu achava que a palavra correta era “mendigas”... Mas aí me contaram que "mandiga" é sinônimo de macumba.

Na parte dos filmes pornôs gays eu destacaria “Full Up My Ass” - mais literal impossível - e “Que time é teu?”, em VHS, sobre “relacionamentos em um time de futebol americano”. Então as fotos são de homens gigantescamente musculosos vestidos com aquelas ombreiras ainda.

Eu sei que tinha mais filme. Perdi o papel onde anotei o nome de todos. Medo de alguém aqui em casa achar, melhor eu ir procurar.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Curtindo a vida, de fato (por enquanto)


“Ferris Bueller's Day Off”, no Brasil conhecido como “Curtindo a Vida Adoidado”, é um desses filmes oitentistas que todo mundo adora e faz questão que todos ao redor tenham visto e também adorem. Nunca tinha visto e, cansado dessa pressão, fui ver de qual era a desse filme. Não tive surpresa nenhuma. Como suspeitava, o filme não é lá grandes coisas.

(Não tratar clássicos com sacralidade é algo perigoso, eu sei. Mas o poder da propaganda é forte e eu sei que, na mais rasa das análises, é fácil ver como o longa é escasso em conteúdo. E que saber que não trata-se de uma obra-prima não quer dizer que precisam detestar o filme ou que não poderão mais gostar dele. Longe disso! Assim como acontece na música, saber que é ruim é diferente de não gostar; as duas coisas podem coexistir. Mas veja bem: quando chamo “Curtindo a Vida Adoidado” de escasso em conteúdo sei que nem todos os filmes precisam ser profundos e questionadores e cultos; eles podem ser apenas divertidos, e engraçados e de entretenimento. Minha questão aqui é que este longa falha até mesmo nisso. Vou chegar lá...)

O tal Bueller do título, interpretado por Matthew Broderick, é um adolescente que decide matar aula para aproveitar o dia e se finge de doente com maestria para os pais. Ao longo do dia, ao lado da namorada e de seu melhor amigo, foge do diretor da escola e lida com a inveja da irmã mais velha, que odeia o fato dele sempre conseguir se livrar dos problemas com facilidade.

O roteiro e a direção transformam todos os acontecimentos em épicos; matar escola é a coisa mais importante do mundo. Isso torna tudo propositalmente exagerado e deixa a história ótima e engraçada pra maioria, mas foi o que mais me irritou.

No final das contas, é a história de um garoto que é popular e por isso faz o que quer – incluindo aí mentir com maestria e sem necessidade para pais que já o mimam mais do que o suficiente, tratar a namoradinha como acessório e o melhor amigo como um facilitador do plano (pois ele tem dinheiro e um carro, por exemplo) e também como uma simples escada para chamar a atenção ainda mais para si mesmo.

Reflexo de uma sociedade, eu sei. E representação fiel de um tipinho que realmente existente nos colégios, eu sei também. Mas é que essa não foi nem é minha vida, e por isso esse não é ou será meu filme. Na escola, ou você recebe ou você manda bolinhas de papel. E quem as recebia não pode achar que esse filme é legal - especialmente porque essa bolinhas nunca somem, apenas tomam outra forma. É esse tipo de gente - que não se importa de verdade com nada além de si mesmo - quem está trazendo verdadeiro caos ao planeta, em vários níveis.

Quer dizer, vamos todos cantar em roda um ode à desigualdade e aos privilégios sem mérito? Vamos, pelo visto. Aliás, é isso que estamos fazendo há um bom tempo...