sexta-feira, 31 de julho de 2009

Campanha contra a homofobia

Acaba de ser lançada a campanha “Não Homofobia”, que busca a aprovação do PLC 122/ 2006 através de um abaixo assinado online.

Trata-se de um projeto que torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero no Brasil. No caso, o autor do crime será sujeito a pena, reclusão e multa.

Além do apoio de gente como Lázaro Ramos, Letícia Spiller e MV Bill, emissoras como a Sony, MTV, TV Cultura, AXN e Animax começarão a divulgar o vídeo abaixo em breve:



Eu já fui xingado de nomes que vocês não acreditariam e já tentaram me bater na rua mês passado, então posso dizer que, além de necessário, o negócio é sério. Um abaixo assinado faz muito mais barulho que qualquer parada gay.

Clique aqui para assinar e entender o projeto.

Ajude a divulgar!

A Campanha é desenvolvida pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT do Rio de Janeiro em parceria com a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ALGBT) e a Frente Parlamentar Pela Cidadania LGBT no Congresso Nacional. O vídeo foi criado pela Indústria Nacional Design e é assinado pela agência de propaganda Giacometti.

Para ouvir depois de ler: Fuck You - Lily Allen

domingo, 26 de julho de 2009

Cantinho do leitor

No meio de mais uma semana confusa e, no meu caso, doente, recebi um desses e-mails inesperados que iluminam seu dia. Eis um trecho:

"Então, é assim. Você não me conhece nem nada, é só que eu queria te agradecer. Eu sempre leio seus blogs e já me senti confortada/amparada/chame do que quiser por muitas coisas escritas lá. E eu queria te agradecer por preencher a minha vidinha com as suas palavras, que, por incrível que pareça, já me inspiraram muito.”

Não vou bancar o inocente, sei que as coisas escritas por aqui podem ter algum tipo de impacto sobre os leitores. Meus blogs são terapêuticos, são textos escritos para tirar da minha mente algumas das minhas divagações e indagações. Nunca pensei em receber um e-mail desse, uma resposta desse tamanho, com esse peso. É complicado colocar em palavras como eu me sinto feliz lendo isso - especialmente vindo de alguém que não conheço pessoalmente.

Se alguém consegue tirar algo de bom pra sua vida das coisas que escrevo, eu posso morrer um homem feliz.

sábado, 25 de julho de 2009

Depressão pós-festa

O ditado diz que depois da tempestade o sol aparece. Mas as pessoas se esquecem que, especialmente em tempos de aquecimento global, o tempo muda o tempo todo e nada impede que uma nova tempestade apareça bem no dia seguinte ao mais ensolarado dos dias.

As opções de diversão em uma cidade são infinitas. Museus, cinemas, boates, festas, shows, peças e inúmeros restaurantes com tipos variados de cardápio. Belo Horizonte, por mais criticada que ela seja – mesmo por mim –, tem tudo isso. Quando precisa decidir o que fazer a noite, você é o centro do seu universo.

Meu universo de opções é variado – não direi infinito pois tenho 37 reais na minha conta corrente. Isso foi parte do motivo da minha idéia de programação para minha sexta: reunir amigos satélites para beber na minha casa. Afinal, além de quebrado, estou cansado de sair de casa. Sabe quando você está querendo fazer apenas coisas lights?

Mas a única coisa light ontem foi... bom, nada foi. Eu parei de contar as latas de cerveja na número 32 e juro que vi três grandes garrafas: duas de vodca e uma de um saquê com validade vencida há 3 anos.

Para afastar a ressaca na manhã seguinte, nada melhor do que varrer sua casa – atividade que não executava desde 1998 – e limpar o vômito de terceiros – atividade que eu nunca fiz e planejava seguir minha vida sem fazer.

Apesar da música e da companhia boa, dos muitos risos e da baita economia que fiz, não pude evitar ficar triste depois de tudo. E, para minha surpresa, não teve a ver com a limpeza da casa ou arrependimentos. Isso se chama depressão pós-festa.



Fé no otimismo

É estranho. Muitas das vezes que saio e me divirto e bebo e danço, não consigo evitar chegar em casa e ficar um pouco triste de ter chegado sozinho. Não que eu saia para arranjar alguém para trazer comigo. Na verdade, cada vez mais tenho a impressão do contrário. Eu não sinto falta de chegar em casa com alguém e sim de chegar em casa para alguém. Entende a diferença?

Um amigo está fazendo sexo casual regular com sua melhor amiga. Ele insiste em dizer que não namoram. Um dia, quando sua avó passou mal, ela telefonou para ele. E eu fiquei pensando: “Uau, eu não tenho para quem telefonar”.

Eu tenho amigos. Muitos. E eles são especiais para mim e eu ligaria para um deles. Eu me odeio um pouco por dizer isso, mas sinto falta de ter é essa pessoa importante do lado. Sinto-me idiota por deixar isso me abalar de uma forma que eu não consiga ver as coisas boas ao meu redor. E eu odeio o fato de que, como outros problemas, trata-se de algo que só vai sair da minha cabeça quando for resolvido. E está ficando cada vez mais complicado resolver.

As vezes eu estou insuportável de tão cheio de mim, outros dias estou tão desesperançoso que aceito o fato de que vou mesmo morrer sozinho e que devo me focar na minha carreira. Afinal, um pacote de ração para gatos é caro!

Então eu ficava oscilando entre essas duas pontas de raciocínio, pessimismo e otimismo, até achar um meio termo harmônico: As coisas sempre podem piorar. Mas, ei, elas sempre vão melhorar. E se alguém precisa acreditar em algo agora, sou eu nessa frase.

Para ouvir depois de ler: Maybe - Emma Bunton

sábado, 18 de julho de 2009

Delimitação do problema

Para quem não sabe, eu formo na faculdade no final desse ano. Uma das coisas que preciso fazer para conseguir meu diploma é uma monografia. Em resumo, nesse tipo de texto, geralmente o autor precisa responder uma pergunta. Essa pergunta é chamada de “problema” e a concepção dela é “a delimitação do problema”. Afinal, trata-se de um problema de pesquisa, uma pergunta de pesquisa.

Desse modo, um problema de pesquisa pode ser “Como o jornal Estado de São Paulo tratou a eleição presidencial dos Estados Unidos?” ou “Como a música do filme ‘Pequena Miss Sunshine’ dialoga com seu roteiro?”. Para cada resposta, aspectos diferentes devem ser analisados. Nesses casos, em que cadernos do jornal o assunto apareceu, com qual freqüência, em que dias da semana, qual o tamanho dos textos; ou que tipo de música tem no filme, em que cena cada uma aparece, que tipo de cena sempre tem música etc.

Os assuntos, as perguntas e as respostas são, sem exageros, sem fim. Assim também andam minhas conclusões sobre um assunto que permeia muitos dos meus diálogos e também textos nesse blog: amor. Pois numa sociedade onde é possível ter amor sem sexo e sexo sem amor, como você sabe onde você está em um relacionamento? Se é que você está em um! Que sinais você deve levar em consideração ou enviar ao outro?

Uma amiga acaba de sair do que ela chama “buraco negro”. Um daqueles relacionamentos que não podem ser chamados de relacionamentos por ninguém em sã consciência – exceto por especialistas mentais, que o batizarão com um termo técnico da psicologia.

Todo mundo já passou por isso: já se foram dois meses e à medida que você foi conhecendo a outra pessoa, foi vendo como ela é interessante. Mas nem tudo que reluz é ouro e os cabelinhos do seu pescoço arrepiam quando você percebe que tem algo errado.

E tinha mesmo. Ela não estava apaixonada pelo cara, mas, movida pelo carinho que tinha por ele, propôs uma coisa mais séria. Ele se disse encantando com a proposta e disposto a tentar, devagar. No dia seguinte, ele disse que iria viajar para passar um tempo em Porto Alegre e abro aspas para citar exatamente o que ele disse: “Vai ser uma viagem ótima. Nunca fui para lá solteiro”.

– Eu dei uma volta de 360 graus em um final de semana! – disse ela – Já não é ruim o suficiente estar com uma pessoa que você tem certeza que não gosta de você? Ele tem que jogar na minha cara assim?

Eu não sabia o que dizer. Afinal, era uma posição confortável. Há uma mulher engraçada, bonita e afim de você de um lado e uma viagem anteriormente programada do outro. Poder abraçar as duas opções – viajar, aprontar tudo e ter uma pessoa garantida na volta – soa interessante na menos maquiavélica das mentes.

- Mas eu não quero fazer isso comigo mesma. Eu não quero ser a imbecil que fica esperando, sabe?

Eu sabia. Por isso disse:

- Só tem uma coisa que você pode fazer: nada. Você já deixou claro, muito claro, sobre seus sentimentos por ele. Quando ele voltar espere ele te procurar. Não mexa uma palha. Se ele vier, bom. Se não vier, é porque não vai dar certo. Mentir pra você mesma agora só vai piorar as coisas. E as coisas não estão boas.

Ela sorriu para mim.

Adivinhe se ele ligou.



Para ouvir depois de ler: Angus & Julia Stone - Hollywood

domingo, 12 de julho de 2009

A modernidade não precisa ser líquida

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, vivemos em tempos líquidos. Um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível.

Pegue como exemplo as empresas. Com o passar do tempo, abrir uma empresa se tornou algo mais fácil. Atualmente, basta ter um computador – e pode ser o mesmo que você usa em casa. O que isso quer dizer? Estruturalmente, ela não tem uma base física. E isso traz inúmeros benefícios, como diminuição de custos e a facilidade e rapidez com que os cacos serão recolhidos caso ela não dê certo. Em poucos dias tudo está pronto para começar algo novo.

O mesmo tem acontecido com o amor e os relacionamentos. Ninguém quer nada profundo hoje em dia. Afinal, em caso de falência, muitos ficarão sem emprego e será muito triste derrubar o prédio da sede. Talvez seja uma tendência. Ao invés de termos casamentos duradouros e namoros cheios de cumplicidade, temos casos curtos que não levamos mais do que uma ducha para esquecer.

É muito fácil isso. Não se envolver é sinônimo de não se machucar, não se entregar e também é uma segurança de que você não está sendo passado pra trás por ninguém. Entretanto, quem tem todos não tem ninguém e nunca houve tantos casos de estresse, depressão e distúrbios alimentares no mundo. Como foi que chegamos nisso?

Ah, e não pense que isso vale apenas para casais. Já assistiu “Clube da Luta”? O personagem de Edward Norton tem uma teoria ótima sobre tudo na nossa vida que é servido em uma “porção individual”, como em aviões. Temos amizades segmentadas e uma lista de tópicos apropriados para cada pessoa do trabalho e de casa. Não somos nós mesmos hora nenhuma.

Mas não precisa ser assim. Claro que, com tudo isso, arranjar alguém disposto a não seguir esse modelo de comportamento é cada vez mais raro, mas é possível. Talvez muitos dos que são assim nem percebam. Por isso, agradeça aos céus se tem um bom amigo do lado ou alguém que te ama por perto. São pessoas que você merece ter na sua vida, mas que estão ficando extintas no mundo.

Para ouvir depois de ler: Folding Chair – Regina Spektor

terça-feira, 7 de julho de 2009

E as piadas gays de "A Era do Gelo 3"?

Acabei de chegar do cinema. Fui assistir “A Era do Gelo 3”. Eu poderia falar sobre como é divertido assistir um filme em 3D, das diferenças básicas entre as animações da DreamWorks e da Pixar ou mesmo da loira que sentou ao meu lado e tinha guardado os óculos achando que eram um brinde até que seu namorado explicou o conceito de “filme em 3D” para ela. Mas eu vou falar de outra coisa.

A quantidade de piadas sexuais e homossexuais que existem no filme é absurda. Mas isso não é ruim. Pelo contrário! Muito bem colocadas, nenhuma delas é preconceituosa ou de mal gosto.

Não viu o filme ou não lembra? Então vamos a exemplos – que podem conter spoilers.

Primeiro que Sid, uma preguiça desengonçada, fica com ciúmes de outros personagens do filme prestes a ter um filho. Ele rouba os ovos de uma dinossauro e quer criar os pequenos monstrinhos como se fossem seus. Ele não só se refere sempre como “mãe” dos bichos, como também se rotula “uma mãe solteira querendo criar seus bebês nesse mundo cruel” – tudo isso fazendo hilários black bitch moves.

O mesmo personagem sai em busca de comida para seus recém nascidos. Ao avistar uma búfala, segue pé ante pé para ordenhá-la e servir sua cria com seu leite. O filme simplesmente corta para a próxima cena: Sid sendo perseguido pelo animal enfurecido e gritando para ele: “Achei que você era uma fêmea!”

Mais para frente do filme, Buck, um personagem da nova safra cheio de histórias para contar, explica o motivo de poder expulsar sem meias palavras uma borboleta pré-histórica enorme de seu caminho: “Eu conheço ele desde que era uma larvinha. Sabe? Desde antes de sair do casulo” – numa clara referência a gays enrustidos.

Não é a primeira vez que isso aparece no cinema. “Madagascar 2”, outra animação do mesmo estúdio, também é cheio de ótimas piadas do tipo. Eu acho essa iniciativa ótima. Trata-se de um assunto delicado, mas que pode ser tratado com delicadeza pelas pessoas certas.

E precisa ser assim. Em 2009 não dá para criar filhos ignorantes sobre o assunto. Como é dito no filme “Milk” (que eu revi esta semana com minha irmã de 15 anos) crianças e adolescentes precisam saber que não estão errados, que não são doentes ou odiados por Deus. Assim eles poderão se sentir confortáveis na própria pele e serão seres humanos mais decentes. It’s OK to be gay.

Para ouvir depois de ler: Why It's So Hard? - Madonna