sábado, 18 de julho de 2009

Delimitação do problema

Para quem não sabe, eu formo na faculdade no final desse ano. Uma das coisas que preciso fazer para conseguir meu diploma é uma monografia. Em resumo, nesse tipo de texto, geralmente o autor precisa responder uma pergunta. Essa pergunta é chamada de “problema” e a concepção dela é “a delimitação do problema”. Afinal, trata-se de um problema de pesquisa, uma pergunta de pesquisa.

Desse modo, um problema de pesquisa pode ser “Como o jornal Estado de São Paulo tratou a eleição presidencial dos Estados Unidos?” ou “Como a música do filme ‘Pequena Miss Sunshine’ dialoga com seu roteiro?”. Para cada resposta, aspectos diferentes devem ser analisados. Nesses casos, em que cadernos do jornal o assunto apareceu, com qual freqüência, em que dias da semana, qual o tamanho dos textos; ou que tipo de música tem no filme, em que cena cada uma aparece, que tipo de cena sempre tem música etc.

Os assuntos, as perguntas e as respostas são, sem exageros, sem fim. Assim também andam minhas conclusões sobre um assunto que permeia muitos dos meus diálogos e também textos nesse blog: amor. Pois numa sociedade onde é possível ter amor sem sexo e sexo sem amor, como você sabe onde você está em um relacionamento? Se é que você está em um! Que sinais você deve levar em consideração ou enviar ao outro?

Uma amiga acaba de sair do que ela chama “buraco negro”. Um daqueles relacionamentos que não podem ser chamados de relacionamentos por ninguém em sã consciência – exceto por especialistas mentais, que o batizarão com um termo técnico da psicologia.

Todo mundo já passou por isso: já se foram dois meses e à medida que você foi conhecendo a outra pessoa, foi vendo como ela é interessante. Mas nem tudo que reluz é ouro e os cabelinhos do seu pescoço arrepiam quando você percebe que tem algo errado.

E tinha mesmo. Ela não estava apaixonada pelo cara, mas, movida pelo carinho que tinha por ele, propôs uma coisa mais séria. Ele se disse encantando com a proposta e disposto a tentar, devagar. No dia seguinte, ele disse que iria viajar para passar um tempo em Porto Alegre e abro aspas para citar exatamente o que ele disse: “Vai ser uma viagem ótima. Nunca fui para lá solteiro”.

– Eu dei uma volta de 360 graus em um final de semana! – disse ela – Já não é ruim o suficiente estar com uma pessoa que você tem certeza que não gosta de você? Ele tem que jogar na minha cara assim?

Eu não sabia o que dizer. Afinal, era uma posição confortável. Há uma mulher engraçada, bonita e afim de você de um lado e uma viagem anteriormente programada do outro. Poder abraçar as duas opções – viajar, aprontar tudo e ter uma pessoa garantida na volta – soa interessante na menos maquiavélica das mentes.

- Mas eu não quero fazer isso comigo mesma. Eu não quero ser a imbecil que fica esperando, sabe?

Eu sabia. Por isso disse:

- Só tem uma coisa que você pode fazer: nada. Você já deixou claro, muito claro, sobre seus sentimentos por ele. Quando ele voltar espere ele te procurar. Não mexa uma palha. Se ele vier, bom. Se não vier, é porque não vai dar certo. Mentir pra você mesma agora só vai piorar as coisas. E as coisas não estão boas.

Ela sorriu para mim.

Adivinhe se ele ligou.



Para ouvir depois de ler: Angus & Julia Stone - Hollywood

Um comentário:

J. Fontes disse...

diga que sim por favor