Eu não quero ser do contra e reclamar por reclamar. Só quero dizer como eu detesto futebol. Não o esporte categoricamente, mas viver no país onde ele está acima de coisas muito mais importantes.
Se o seu personagem favorito da série “Friends” é a Monica e o meu é o Chandler, a gente explica por que, cita uns episódios, morre de rir e a conversa acaba. No futebol, as pessoas ficam em uma competição sem fim sobre como seus times são melhores que o outro, sendo que – apesar de todos serem muito parecidos – uns estão ganhando ou perdendo partidas, torneios e campeonatos. Ou seja, são fatos. E contra fatos não existem argumentos. Não interessa se pelo menos o fulano fez o passe certo ou errado, interessa que seu time perdeu, então fim da discussão. Seu time é ruim.
Mas a coisa mais irritante é como o esporte é um fator social. As pessoas te perguntam seu nome, idade e time pra qual torce, como se isso definisse seu lugar no mundo, seu caráter ou algo. Mais sentido faria perguntar seu livro favorito, uma pergunta que identificaria hábitos de leitura, gosto e nível de desenvolvimento mental e emocional. Perguntar seu time só esclarece para o interlocutor de que lado do estádio você senta e de que cor é a camisa/outdoor ridícula que você usa pela rua nos dias que seu time ganha ou que o time rival perde.
Outra coisa absurda do futebol aqui na terra dele é que todos os fanáticos usam xingamento extremamente rudes, preconceituosos e ofensivos até para quem não tem nada a ver com a história. A tradição manda os ganhadores chamarem os perdedores de “bicha”, “viado” e coisas assim. Nunca entendi muito bem isso. Só sei que é por isso que estamos tão atrasados nesse país em relação a direito dos homossexuais. Pois vivemos numa vala de homofóbicos considerados “machões” e “espertos”, amantes do futebol e com vergonha de defender o que eles consideram diferente, feminino, delicado ou errado.
E se a final do campeonato tal é na quarta-feira, o jogo termina muito tarde. As pessoas bebem em grupo, de frente para a TV e dormem no sofá. No dia seguinte, duas horas de atraso são aceitas no emprego. Uma falta é aceita se for um time ou um título muito importante. Isso é inacreditável, porque se eu perdi um episódio de “Big Bang Theory” fazendo hora extra no trabalho e quiser ver a reprise que passa uma da manhã, o problema é meu pra acordar amanhã. Chefe nenhum vai deixar de me descontar o atraso. Se eu for discotecar numa festa na quinta-feira, saio de lá às 4h e trabalho às 9h. O Oscar termina às 2h de uma segunda-feira e eu tenho que me virar. Mas ai de mim de precisar que me enviem um texto urgente em dia de jogo do Brasil.
Outra coisa péssima em futebol é que esportistas – principalmente os de esportes em grupo – geralmente são feios, não têm carisma e são todos muito parecidos. Você folheia um álbum da Copa completo e não vê a menor diferença entre as páginas com exceção da cor de pele e dos uniformes. Aliás, uniformes de time são uma puta de uma coisa imbecil. No campo, eles identificam de que lado cada um está. Aí, na sua vida, ele não tem papel nenhum. Mentira, tem sim.
Sabe carnaval de micareta? Eu acho aquilo a coisa mais imbecil do mundo. É um ritual primitivo absurdo colocar todo mundo num mesmo lugar, ouvindo a mesma merda, dançando exatamente do mesmo jeito e ainda por cima usando a mesma roupa. Usar uniforme de futebol – quando não se é jogador – tem essa função. Você faz parte de um grupo maior, de um coletivo. Que pobreza de espírito, não?
Enfim, falei mais do que planejava. Não é pra criar polêmica, é só para que as pessoas pensem no assunto e no conceito de “prioridade”. Quando o futebol está na TV, não foi o mundo que parou pra assistir, foi apenas você que perdeu qualquer perspectiva de realidade. Especialmente a da diversão, que é o que todo esporte devia causar no não-praticante. Afinal, esporte faz bem pra saúde e se você já não está praticando, e sim apenas assistindo, que ele te cause prazer, pelo menos. E não guerra, discussões, brigas e piadas de péssimo gosto.
Para ouvir depois de ler: Human Behaviour - Björk
Se o seu personagem favorito da série “Friends” é a Monica e o meu é o Chandler, a gente explica por que, cita uns episódios, morre de rir e a conversa acaba. No futebol, as pessoas ficam em uma competição sem fim sobre como seus times são melhores que o outro, sendo que – apesar de todos serem muito parecidos – uns estão ganhando ou perdendo partidas, torneios e campeonatos. Ou seja, são fatos. E contra fatos não existem argumentos. Não interessa se pelo menos o fulano fez o passe certo ou errado, interessa que seu time perdeu, então fim da discussão. Seu time é ruim.
Mas a coisa mais irritante é como o esporte é um fator social. As pessoas te perguntam seu nome, idade e time pra qual torce, como se isso definisse seu lugar no mundo, seu caráter ou algo. Mais sentido faria perguntar seu livro favorito, uma pergunta que identificaria hábitos de leitura, gosto e nível de desenvolvimento mental e emocional. Perguntar seu time só esclarece para o interlocutor de que lado do estádio você senta e de que cor é a camisa/outdoor ridícula que você usa pela rua nos dias que seu time ganha ou que o time rival perde.
Outra coisa absurda do futebol aqui na terra dele é que todos os fanáticos usam xingamento extremamente rudes, preconceituosos e ofensivos até para quem não tem nada a ver com a história. A tradição manda os ganhadores chamarem os perdedores de “bicha”, “viado” e coisas assim. Nunca entendi muito bem isso. Só sei que é por isso que estamos tão atrasados nesse país em relação a direito dos homossexuais. Pois vivemos numa vala de homofóbicos considerados “machões” e “espertos”, amantes do futebol e com vergonha de defender o que eles consideram diferente, feminino, delicado ou errado.
E se a final do campeonato tal é na quarta-feira, o jogo termina muito tarde. As pessoas bebem em grupo, de frente para a TV e dormem no sofá. No dia seguinte, duas horas de atraso são aceitas no emprego. Uma falta é aceita se for um time ou um título muito importante. Isso é inacreditável, porque se eu perdi um episódio de “Big Bang Theory” fazendo hora extra no trabalho e quiser ver a reprise que passa uma da manhã, o problema é meu pra acordar amanhã. Chefe nenhum vai deixar de me descontar o atraso. Se eu for discotecar numa festa na quinta-feira, saio de lá às 4h e trabalho às 9h. O Oscar termina às 2h de uma segunda-feira e eu tenho que me virar. Mas ai de mim de precisar que me enviem um texto urgente em dia de jogo do Brasil.
Outra coisa péssima em futebol é que esportistas – principalmente os de esportes em grupo – geralmente são feios, não têm carisma e são todos muito parecidos. Você folheia um álbum da Copa completo e não vê a menor diferença entre as páginas com exceção da cor de pele e dos uniformes. Aliás, uniformes de time são uma puta de uma coisa imbecil. No campo, eles identificam de que lado cada um está. Aí, na sua vida, ele não tem papel nenhum. Mentira, tem sim.
Sabe carnaval de micareta? Eu acho aquilo a coisa mais imbecil do mundo. É um ritual primitivo absurdo colocar todo mundo num mesmo lugar, ouvindo a mesma merda, dançando exatamente do mesmo jeito e ainda por cima usando a mesma roupa. Usar uniforme de futebol – quando não se é jogador – tem essa função. Você faz parte de um grupo maior, de um coletivo. Que pobreza de espírito, não?
Enfim, falei mais do que planejava. Não é pra criar polêmica, é só para que as pessoas pensem no assunto e no conceito de “prioridade”. Quando o futebol está na TV, não foi o mundo que parou pra assistir, foi apenas você que perdeu qualquer perspectiva de realidade. Especialmente a da diversão, que é o que todo esporte devia causar no não-praticante. Afinal, esporte faz bem pra saúde e se você já não está praticando, e sim apenas assistindo, que ele te cause prazer, pelo menos. E não guerra, discussões, brigas e piadas de péssimo gosto.
Para ouvir depois de ler: Human Behaviour - Björk
2 comentários:
Queria comentar, como amante do futebol e pessoa que anda na rua (até fora do país) com a camisa do time na rua, mas ia acabar fazendo um post. Coloco aqui apenas dois pontos, falando apenas por mim, que detesto as piadas de mal gosto (que não são exclusivas do nosso país tão atrasado) e me concentro no prazer. No prazer que o time que eu escolhi pode me proporcionar quando assisto um jogo.
Eu sempre quis escrever exatamente isso, mas não acho que não conseguiria escrever tão bem assim.
Assino embaixo e ponto.
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