quarta-feira, 4 de abril de 2012

Envelhecer, o elefante branco da comunidade gay


Em janeiro, um bem-sucedido terapeuta gay de Manhattan chamado Bob Bergeron cometeu suicídio. Sim, esse moço bonito da foto. Ele tinha 49 anos e estava prestes a publicar o livro “The Right Side of Forty: The Complete Guide to Happiness for Gay Men at Midlife and Beyond”. É, um livro de auto-ajuda direcionado aos gays com mais de 40 anos.

Sua filosofia era uma tentativa de convencer a si mesmo ou apenas uma maneira de ganhar dinheiro? Não sei. Mas muitos grupos gays são exageradamente baseados em beleza física e novidades, então acho que de qualquer forma vale a reflexão. Afinal, ao mesmo tempo que não devemos antecipar nossa velhice, não seremos jovens para sempre.

Nada contra quem fica por aí brigando sobre qual seriado de TV é melhor, gastando horas do dia decorando coregrafias de clipes ou na academia, gastando tubos de dinheiro em roupas e produtos tecnológicos da moda, mas espero sinceramente que essas mesmas pessoas estejam também buscando algo a mais da vida. Que elas queiram se conhecer mais, se desenvolver mais, compartilhar mais. Que reflitam um pouquinho sobre a vida, a morte, a efemeridade da existência. Ao contrário do que parece, pensar sobre isso não quer dizer ser obscuro, deprimido ou pessimista. Sair do armário para si e para o mundo pode ser muito doloroso, mas não quer dizer que a partir daí é só festa não.

O desafio mesmo - e esse não é só para os gays, claro - é conseguir ser feliz consciente da velhice, da doença, da morte e da solidão. Viver negando essas coisas é pra lá de fácil, existem vários jeitos. Mas, se negar essas coisas é a única maneira de você conseguir ser alegre, há algo errado. Não fica uma coisa meio falsa e histérica? Não cansa? Pois é. Fazer as pazes com a própria existência é o único jeito de estar satisfeito.

Satisfeito, pois "feliz" já seria uma palavra grande demais.

Nenhum comentário: