sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Entrevista com Márcia Tiburi

Márcia Tiburi é graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escreveu vários livros de filosofia e recentemente lançou o livro “A Mulher de Costas”, segundo romance da Trilogia Íntima. A primeira parte, “Magnólia”, foi finalista do prêmio de literatura Jabuti em 2006. É também professora, colunista de revistas e integrante do programa “Saia Justa”, do canal GNT. Foi uma entrevista recheada de gesticulação, sinergia, risos e palavras difíceis. Não difíceis daquelas que ninguém sabe o significado, mas daquelas que deixam a fala bonita. Das que me deixavam em dúvida entre admirar a inteligência dela ou me envergonhar da minha ignorância.

P: Os dois primeiros volumes da trilogia falam sobre mulheres. Qual a diferença? Do que se tratam os livros?
R: “Magnólia” é a história de uma mulher que se encontra com ela mesma. E isso acontece, por exemplo, se olhando no espelho, talvez descobrindo uma memória perdida ou tendo que enfrentar seus próprios botões. Enfim, você enfrenta algo que é a sua própria fantasmagoria. É um romance um pouco solipsista, de auto-encontro com aquilo que o sujeito tem de enganação de si. Pois ele é o que ele é, o que ele não sabe que é e o que ele não é. Então há esse jogo de descoberta do dentro e do fora, por um personagem. E “A Mulher de Costas” é uma história de uma mulher que se encontra consigo mesma, que ao invés de se enfrentar com um espelho se enfrenta com um deserto. Enquanto “Magnólia” fica dentro de casa, abre uma gaveta e faz uma viagem pelo jardim pra depois poder voltar – e atravessar com isso vários infernos –, “A Mulher de Costas” é uma mulher que simplesmente faz uma travessia de um deserto para outro deserto. É a história de uma princesa moura encantada, que faz parte da mitologia gaúcha, que é a lenda da salamanca do Jarau, que eu conto da minha maneira.

P: E porque Trilogia Íntima?
Eu comecei a escrever essas histórias todas ao mesmo tempo, tanto “Magnólia”, “A Mulher de Costas” e “O Manto” – que ainda estou escrevendo. E “íntimo” pois queria falar desse solipsismo, dessa convivência e auto-experimentação. O íntimo é essa convivência. A busca solitária e a descoberta. Mas acho que o que tem de meu, tem de universal. As pessoas que leram e me deram retorno, conseguiram entrar nessa viagem. Pois não é uma viagem minha que eu dou a elas, mas uma proporcionada aos leitores através dos personagens.

P: São histórias independentes, porque estão na mesma trilogia?
R: Sim, são livros independentes, mas estão interconectados, há integração entre eles. O que não tem é uma linearidade. Não há uma cronologia que explica “Magnólia” como primeira história e supostamente uma tese, aí “A Mulher de Costas” como antítese e depois “O Manto” como uma síntese. É o contrário! O que tem de comum entre as três é essa experiência de entrega ao mesmo e ao outro e a tentativa de compreensão dessa Banda de Möbius, desses dois lados de uma mesma moeda – onde cada lado é um lado mas compõem um mesmo elemento. Relato ou novela não é uma coisa que eu estou atrás de fazer. Respeito quem faz, claro, mas não é o que eu faço.

P: E a sua filosofia está aparecendo nesses romances?
R: Acho que é a linguagem que aparece na literatura. A filosofia está incorporada em mim e faz parte do meu vocabulário e as questões que estão entranhadas, visceradas, também. Mas eu não tenho um projeto literário à base da razão, ao contrário, eu me interesso por tudo aquilo que foi catalogado por todos os gêneros da literatura. Eu acho que o exercício literário é a sua chance de esquizofrenia (risos). Esquizofrenia para o bem!

P: Como é escrever sobre filosofia atualmente?
R: A filosofia se tornou importante no Brasil, que está aprendendo a democracia. Na ditadura não havia espaço para pensamento livre e é natural que agora a filosofia entre na moda. E tomara que de fato as pessoas se envolvam em reflexões críticas na política, no cotidiano, na responsabilidade ética.

P: Mas há espaço para ela no mundo da informação instantânea?
R: A atenção no próprio pensamento nos torna filósofos do mundo da informação instantânea. O que a filosofia deve fazer é recolocar a atenção que nos é arrancada pelos meios de comunicação no lugar dessa atenção. E, ao meu ver, também mostrar como é o olhar vagaroso sobre as coisas.

P: Você acha que a filosofia está mais acessível às pessoas?
R: Há sim uma vontade das editoras, dos meios de comunicação, da própria esfera culta da sociedade, talvez de uma classe média um pouco mais esclarecida que gosta de cinema e literatura e vai gostar também de filosofia. Mas ainda não dá pra fazer muita festa porque o trabalhador explorado, além de estar excluído do jornal ou da internet, não tem dinheiro para livro nenhum e não está lendo nada. Mas há sim uma vontade de abertura à filosofia por parte das classes lúcidas, que tenta recolocar parâmetros e rever posicionamentos práticos.

P: Como tem sido a resposta para a tentativa de levar filosofia para a TV, com o “Saia Justa”?
R: Um pouco de informação erudita sempre é possível. E esse programa tem um formato, em si mesmo, filosófico. Pois ele é um fórum de mulheres emitindo opiniões. Mais ou menos fundamentadas. É isso que me anima em fazer esse programa: são pessoas diferentes que se propõem a conversar em torno de temas tentando construir um diálogo. Acho que as mulheres foram proibidas de falar ao longo da história da humanidade, então vejo esse programa como um oásis no seio da sociedade patriarcal.

P: O programa é muito criticado por falar demais de sexo...
R: É um programa de TV com todos os defeitos que os programas de TV têm. Mas é que no Brasil se faz muito sexo, há muita pornografia, mas na hora de falar sério sobre o assunto parece que você está cometendo uma heresia. Educação sexual, por exemplo, no Brasil é inexistente. Mas a gente discute também esse cinismo que a gente vive. Sobre política, questões de ética – no sentido de comportamento. Mas é um programa de fala aberta então há muita interferência. E a TV, pela falta de tempo e necessidade de linearidade, limita muito.

P: É verdade que você está escrevendo uma autobiografia tem dez anos?
R: Sim. Começou como um romance em 1998 e eu escrevo e reescrevo, reescrevo. Por que o mais difícil é reconstruir a memória de sua infância. Aliás, se tem alguma coisa boa de se falar da vida de alguém, a meu ver, é a infância, pois o resto é a vida besta de todo mundo. A vida minha e sua que diferença vai ter? Que grandes feitos são tão importantes na vida de alguém para que ele acha que pode contar? Não sei. Mas é que minha vontade é de conseguir memórias perdidas do tempo em que a vida era pura poesia. E no lembrar você vai imaginando coisas, mas eu me divirto com o descortinar desse passado.

Quem quiser ler/ver a entrevista na íntegra é só me perguntar quando vai ao ar ou me pedir um exemplar do jornal :)

sábado, 25 de agosto de 2007

Competição de perdedores

Eu ficava indignado ouvindo minha mãe e meu tio conversando sobre o que tinham almoçado. Ambos de dieta, parecia uma competição pra ver quem tinha comido menos. “Eu só comi brócolis, rúcula e uma fatia de peito de frango”. “Ah, eu comi duas fatias, mas não bebi nada”. “Mas eu nunca bebo”. “Mas eu só como quando estou morrendo de fome”. “Mas acho que isso faz mal”. Ai. Ouvir essa prestação de contas era um saco.

Mas eu reparei que isso é pra lá de comum. E nem sempre as conversas concentram-se em comida. Aliás, podem ser sobre qualquer coisa. A diferença é que muita gente está por aí tentando perder a competição.

“Ai, eu estou tão sem dinheiro”. “Eu só tenho 15 na carteira”. “Eu só tenho 15 no banco”. Qual a graça de ficar competindo pra ver quem tem menos? Um “puxa vida, eu também” finalizaria a conversa bem melhor. O cristianismo católico acusou o lucro como pecado há centenas de anos. Mas os vestígios estão aqui ainda.

Tente dizer pra alguém que você trabalha mais que ele e que, portanto, tem mais direito de estar cansado, por exemplo. Rapaz, ele vai virar uma fera e argumentar que “todo dia tem muita coisa pra fazer”, que está sobrecarregado, sem tempo pra nada, sofrendo. É quase impossível alguém dizer “é, meu trabalho é fácil e delicioso”. Mesmo que seja, a pessoa é escrava da aparência de sofrimento.

E depressivos? Se eu chegar e falar que eu tive depressão pra alguém que também teve e tratou com remédios eles praticamente me batem. Se acham mais vítimas, mais merecedores do título da patologia. Por mim, que fiquem. Não quero competir pra ver quem é mais mentalmente perturbado.

E é por isso que me encontro muito sozinho ultimamente. Cercado de pessoas, na verdade. Mas solitário. Porque todos têm problemas pipocando em suas respectivas vidas. Mas as pessoas acham muito mais interessante falar dos seus do que ouvir o do outro – é natural isso. Então fico eu aqui calado. Cada nova tentativa de compartilhar minhas indagações e frustrações é interrompida pelo interlocutor contando “um caso pior”.

Para ouvir depois de ler: End Of A Century - Blur

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A grande idéia

Ontem acordei cedo com uma grande idéia. Dois minutos depois, percebi que não era tão boa. Mas, durante sessenta segundos, fui tomado por um otimismo contagiante e por aquela sensação de euforia presente nos momentos especiais da vida. Aquelas que me provocam a ilusão de que estou vivendo cenas de um filme, e me fazem pensar que dali para frente nada mais será como antes.

Mas depois passou.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O Amor da Primeira Série


Eu sinto falta daquele amor puro e descompromissado da primeira série. Não que os outros amores que tenham passado por mim fossem menores ou maiores, mas foram diferentes. O amor da primeira série era um amor de olhares e descobertas. Eu não sabia que, para as outras pessoas, amar não era suficiente e nem que o sexo importava tanto. Aliás, eu desconhecia qualquer tipo de sexo, ponto G, beijo de língua, pegada.

Realmente não faço idéia se machuquei alguém e realmente espero que não. Mas, para mim, muitos corações e muitas pessoas se tornaram irrelevantes. Enquanto outras eu não consigo tirar da mente. E o amor da primeira série foi o único a ir embora e não deixar dor.

Eu lembro dos nomes, situações e histórias. Cartinhas às escondidas, pedidos de namoro, vergonha, palpitação. A descoberta do amor na primeira série e o que senti naquele tempo é o que me faz querer amar sempre.


Para ouvir depois de ler: Por perto - Pato Fu

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ela está de parabéns

“O nome dela está entre artistas como Beatles, Elvis e Frank Sinatra. Assim como nós, Madonna é a voz de uma geração. Só tenho que me curvar e aplaudir” – Paul McCartney



Madonna nasceu há 49 anos, às 7h08 da manhã, na cidade de Bay City. Madonna passou a sua infância em Pontiac e mais tarde em Rochester Hills (outro subúrbio de Detroit). Em Dezembro de 1963, quando Madonna tinha cinco anos, a sua mãe morre de câncer da mama, aos trinta anos de idade. O pai casa com Joan Gostafson, a governanta da família, que é sua esposa até hoje.

Frequentou a Rochester Adams High School, onde se distinguiu como boa aluna (QI 140) e, contra a vontade do pai, Madonna começa a ter aulas de dança aos catorze anos. Concluiu o ensino secundário e entra na Universidade do Michigan no curso de dança, mas aabandona o curso e com apenas 35 dólares muda-se para Nova York com o objetivo de seguir uma carreira de bailarina.

Passou por dificuldades econômicas e muda de planos: ao integrar a turnê do cantor disco Patrick Hernandez (conhecido por seu único sucesso, "Born To Be Alive"), conhece Dan Gilroy em Paris, que seria seu namorado e junto com o qual fundaria a banda "Breakfast Club", onde Madonna muda de atuação algumas vezes (foi baterista, guitarrista e vocalista). Depois do fim da banda, Madonna criou outra, a “Emanon” (‘No name’, ‘sem nome’, ao contrário) carinhosamente chamada de "Emmy", com um antigo namorado, Stephen Bray. Os dois brevemente decidem afastar-se da banda e começam a trabalhar só os dois em canções.

Assim, uma fita cassete com as canções que Madonna criou com Bray chegou às mãos do produtor e DJ Mark Kamins que a entregou à editora discográfica Sire Records, que contratou Madonna em 1982.

Música à música, as canções da fita são lançadas como singles compactos no mercado (nenhum com fotos dela, para o público achar que se tratava de uma cantora negra (!)) e fazem um bom sucesso. Então é encomendado o primeiro álbum, que é um estouro.

O resto é história.

Para ouvir depois de ler: How High - Madonna

terça-feira, 14 de agosto de 2007

A foto da minha aura


Para fazer uma matéria para um programa de bem-estar e saúde, há cerca de uma semana, eu tirei fotos dos meus dedos. É uma técnica chamada bioeletrografia. Uma máquina Kirlian registra todos os gases e vapores exalados pelo nosso corpo e a foto da ponta dos dedos mostra estruturas e cores variadas. É a aura do dedo – mas não a aura mística, não a alma, mas sim esses gases e vapores que estão ao redor do nosso corpo sempre e tudo e tal. Depois de reveladas, as fotos são minuciosamente analisadas e associadas com leitura corporal. E hoje saíram meus “resultados”.

A especialista pediu para conversar comigo em particular antes da gravação. Me entregou o relatório e me apontou um desequilíbrio energético leve. Notou a presença de stress, depressão, culpa e decepções na minha aura. Além de conflitos emocionais tendentes à carência afetiva.

Cada coisa é detectada e relacionada com uma parte do corpo (decepção tem a ver com a bexiga, por exemplo, e se sua aura mostra que ela está desnorteada logo algo nesse campo também está). Assim, ela me disse que meus rins e intestino pedem que eu me imponha mais no mundo, que tente sempre dar uma personalidade minha às minhas atividades. Pouco a pouco, falamos de vários órgãos, sistema linfático, baço, coração, pâncreas e chegamos à próstata: ela estimula impulsos sexuais e ela percebeu algo diferente ali.

- Você passou por... er.. algum conflito sexual?
- Eu sou gay.
- Ah!

Por ser uma terapeuta mística – como ela mesma se define – a indicação terapêutica envolve um floral. Mas outras coisas também, como andar descalço, usar meias e cuecas vermelhas, saborear a água ao beber e me olhar mais no espelho. Na conclusão e por alto, ela falou que eu preciso me impor mais, conversar mais sobre meus problemas e resolver uma questão do passado que eu tenho segurado e que vem me fazendo mal. “Ou você solta ou segura de uma forma que seja confortável”.

Para ouvir depois de ler: Innocence - Björk

domingo, 12 de agosto de 2007

Cat Power / Chan Marshall diz:

"Eu tinha 19 anos [quando comecei a me apresentar como Cat Power]. Não tinha amigos, só a música. Era a única coisa que me dava um senso de grupo, que me ajudava a me relacionar com as outras pessoas e me sentir menos solitária. E permitia expressar a merda pela qual eu estava passando. Se não fosse isso, nem estaria viva agora"

Para ouvir depois de ler: Hate - Cat Power

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Quadrados e esteriscos


A palavra “senha” e seu significado quando eu era criança são completamente diferentes das que eu tenho agora. Antes era um código, uma chave de acesso a um mundo diferente e que eu muito desejava fazer parte. Havia algo de misterioso e secreto nisso. Hoje há senha pra absolutamente tudo que eu preciso fazer. Senha é uma coisa adulta.

E muito se engana quem pensou apenas em cartões de crédito, débito e poupança. Para o e-mail, você precisa de uma senha. Para entrar no seu blog, outra senha. Para entrar no MSN, outra senha. Para poder ler aquela matéria fechada para assinantes, senha. Cada loja online pede que você se cadastre tem senha. No site do estúdio de cinema e da sua banda favorita. No PC da empresa, senha. No da faculdade, senha. Foi virando uma rotina. Mas pra cada lado que olhamos temos uma senha diferente pra decorar.

Isso se você não usar a mesma senha para tudo. O que eu fazia até alguém me dar um peteleco na testa e dizer que, apesar de prática, a idéia é um tanto perigosa. Porque se alguém algum dia descobrir minha senha, vai automaticamente acessar meu orkut, meu blog, o Submarino e meus tediosos arquivos da faculdade.

Senhas que são sua data de nascimento ou seqüências como 1234 não são recomendadas. Especialistas querem que nós, mortais, pensemos em números sem sentido pra juntar com o apelido do nosso primeiro cachorro! Seria uma senha imbatível, mas indecorável também.

No espelho do meu armário, por exemplo, eu tenho todas elas divididas em 3 post-its. A do MySpace, fotologs e do last fm. Ao lado do monitor deixo a senha do site da companhia de celular. No computador da minha casa a do MSN e do e-mail tão gravadas. É fisicamente impossível decorar tudo isso, tenho mais o que fazer!
Pra ouvir depois de ler: Imitation Of Life - REM

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Dos lugares que nunca estive

Adoraria poder fazer uma dessas viagens descompromissadas com a data de retorno e com o máximo de despesas. Se eu tivesse muito dinheiro e decidisse viajar, pra onde iria?

Não tenho certeza, mas acho que começaria nos Estados Unidos. É um país de tolos, mas eu não posso deixar de considerá-lo, é mais forte que eu. Preciso realizar o idiota sonho de infância e ir aos parques da Disney, brincar no máximo de atrações possível, comprar o máximo de bugigangas coloridas possível, tirar fotos estúpidas com pessoas fantasiadas.

Depois, Nova York. Ficar pelo menos um mês na Big Apple e fazer absolutamente tudo aquilo que vejo nos filmes. Acho muito legal ver os personagens falando desesperados aos celulares carregando cappuccinos em copos de isopor. Pick-nicks no Central Park de dia e baladinhas alternativas de noite. O máximo de junk-food possível – por que eu adoro e lá tem de todas as redes pelo menos uma loja. Tirar fotos nas locações de filmes e séries que gosto. Ia ser ótimo.

Daí, iria pro Reino Unido, em resumo, me embebedar. Toda a chamada “cultura PUB” é sensacional pra alguém como eu (hipoteticamente rico e descompromissado). De dia naqueles programas de tias: visitar, ver e fotografar a cidade, os monumentos, os castelos e de noite sair e fazer brindes com canecas gigantes de chope irlandês.

Aí começaria com a parte continental européia. Passar um tempinho em Portugal e na Espanha aproveitando bastante da culinária desses lugares. Uma passada na Itália não seria nada mal pelos mesmos motivos. Na França o mesmo esquema de Nova York: repetir costume de filmes. Cafeterias bonitinhas e museus sensacionais.

Depois descia pra África. Uns 15 dias lá. Na primeira semana podia ficar em algum daqueles hotéis resorts gigantescos e luxuosos. Fazer um safári um rafting ou uma dessas bobagens – só pra falar que fiz. Aí voltava pro norte do continente e fazia aquela coisa obrigatória de celebridades de “ver a pobreza de perto”. Quem sabe adotava alguém lá!

Depois ia pro Japão. De dia comer sushi horrores e passear pelos vários lugares lindos que existem por lá. Tirar um milhão de fotos em Tóquio, meditar em campos com cerejeiras e de noite, claro, as famosas e singulares baladinhas japonesas. E comprar tudo quanto é parafernália tecnológica bem barata.

Talvez – apenas talvez – descesse ali pra Austrália, só pra ver como estão as coisas e tirar umas fotos na Opera House.

Seria demais :)

Para ouvir depois de ler: I've Seen It All - Björk

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Últimas Considerações sobre Paris


Qualquer um que já foi ao Pátio Savassi comigo sabe que lá é um lugar deprimente pra mim. Eu tenho a sensação de que todos são mais bonitos e ricos que eu. Sensação, pois sei que não são - bom, nem todos. O que acontece muitas vezes é que a moça feia é rica, portanto, bem cuidada. Você vê que o cabelo dela está impecável, que a roupa é fina etc. E isso explica em parte o motivo de alguém no planeta achar aquela bunda azeda da Paris Hilton bonita. Eita, a mulher é o capeta oxigenado.

“Simple Life” é um dos programas de televisão mais engraçados do planeta. Mas não acho interessante transformar Paris Hilton em musa ou exemplo pra ninguém. Eu admito que ela é muita coisa que eu queria ser: rica, inconseqüente e superficial. Mas eu não sou nenhuma dessas três coisas. E acho realmente triste admirar os dois últimos itens como qualidades.

Famosa porque é popular e popular porque é famosa. Quando ela esteve no Brasil li uma adolescente de uns 15 anos dizer que se Paris morresse amanhã, ela se matava, pois era tudo na vida dela. Talvez a loira seja a personagem símbolo de um movimento válvula de escape dos novos ricos. Talvez ela seja o sonho da classe média alta. Mas desde quando irresponsabilidade é algo pra ser admirado?
E acho que ela parece um traveco - o que explicaria essa paixão vazia que 90% dos gays têm por ela. Mas eu já cansei de falar sobre isso. Cada vez deixo passar mais o assunto. Eis o juramento de nunca mais falar dessa moça-que-só-deu-certo-porque-deu-errado. Ela merece os fãs que tem? Não sei. Mas do inverso tenho certeza.
Para ouvir depois de ler: Meeting Paris Hilton - CSS