Quando você é um estudante de jornalismo acaba enfrentando alguns bons dilemas. Você fica sabendo de coisas muito estranhas sobre certas pessoas e passa a enxergá-las de uma forma diferente.
Engana-se quem acha que investigação é um dom, basta praticar e você vai ver que aquelas aulas de sociologia serviram para algo. Nem que seja identificar o líder numa rodinha de conversas de um bar.
No caso não é um bar, mas uma cafeteria estilosa cheia de roqueiros indies, jornalistas, publicitários, fashionistas e mantidos-pelos-pais em geral. Enquanto a hostess te leva até sua cadeira e antes que alguém possa gritar “Martini”, você já sabe qual é a mesa mais importante ali.
No caso era a de Alex, vamos chamá-lo assim. Lembra que nos anos 90 era super cool ser DJ? A moda da vez é ser fotógrafo e foi Alex quem trouxe isso à tona. Ele não é de Belo Horizonte – ou pelo menos não diz que é, pois Minas Gerais não é hype. Já fomos apresentados mais de uma vez, mas ele não se lembra de mim.
Acompanhado de muitos novos fotógrafos que, como ele, vestem roupas que pagariam meu aluguel, trocamos olhares. Ele tem um desespero no olhar pois se sente uma farsa. Claro que eu não vi isso nos olhos dele. A sensação de farsa que ele tem eu fiquei sabendo por terceiros, que ouviram a confissão numa viagem errada de não sei qual droga.
Sentamos em uma mesa perto da dele. Trocamos sorrisos, ele me reconheceu. A mesa tem nuvens de palavras, sabe como é isso? De cinco em cinco minutos o silêncio reina. Um assunto renasce, atinge o ápice ensurdecedor, todos riem e a graça passa. Silêncio de novo. Todos fumam e eu troco de cadeira pois o cheiro deles me incomoda.
Para ouvir depois de ler: Nirvana – Rape Me
2 comentários:
Ao investigar pessoas nos deparamos com coisas realmente reveladoras. Afinal, todo mundo tem algo a esconder: seja uma mentira, uma frustração, uma vergonha, um desvio de caráter...
E não há mascara que faça isso desaparecer.
Um beijo, na boca.
parece um gossip girl rocker.
Postar um comentário