Tive notícia de que Woody Allen foi tema de uma entrevista que Caetano Veloso deu para o Correio das Artes, suplemento literário do jornal paraibano A União, que circula há 60 anos.
Muitos discordam, mas Caetano é um ótimo letristas e compositor e é admirável ele estar lançando CD e fazendo show até hoje – a qualidade de tais acontecimentos já é outra história. O negócio é que alguém precisa avisá-lo, com urgência, que ele é um cantor. Pois ele não se satisfaz com isso. Também quer ser sociólogo, antropólogo, filósofo, historiador, ensaísta, teólogo, crítico literário e cinematográfico. Todos queremos e realmente somos tudo isso, mas apenas na mesa do bar. Caetano pode falar abobrinhas para a Rolling Stone e ser lido por milhares de pessoas. Essa é a diferença.
“É um careta, um cineasta pequeno”, declarou o cantor sobre Woody Allen. “Gay, maconha, rock, Bob Dylan, tudo isso é desprezado por ele”. Como se ignorar tais assuntos fosse sinônimo de ser um diretor ruim e como se todos os filmes que abordam tais temas fossem obras primas.
“E muitas das piadas são excelentes. Mas sempre se revela uma visão estreita”. Exatamente o mesmo pensamento pregado pelas pessoas que fazem parte daquele movimento contra música. Elas dizem que uma vez que a letra está gravada, cantar é apenas repetir uma ideia, sendo a música sinônimo de não evolução. Um argumento tão furado quanto a opinião de Caetano. Aliás, esqueça isso. Vamos considerar o argumento como firme e sair em caça de piadas com visão ampla!?
“Allen tem a grande elegância de dar a seus filmes a duração que os filmes tinham quando ele era menino. Talvez isso contribua para para o seu relativo fracasso comercial nos EUA: o público exige supersized movies”. Eu não sei nem por onde começar. O mais recente filme de Woody Allen, “Vicky Cristina Barcelona”, amplamente premiado, tem 1h36 de duração. E arrecadou mais de 23 milhões de dólares. Pouco comparando com algum do bruxo Harry Potter, mas é o dobro do que arrecadou, por exemplo, “A Rosa Púrpura do Cairo” e mais de 10 milhões a mais que “Tiros na Broadway”, de 1994, favorito de Caetano. O sucesso é relativo, mas isso combinado com chamar o cineasta de "pequeno", pode nos levar a concluir que, para Caetano, os bons cineastas são, então, aqueles por trás de líderes de bilheteria e só. Tiro arriscado esse.
Caetano Veloso parece perdido em vários sentidos da palavra. É muito complicado ser vanguardista hoje em dia e, ironicamente, a falta de censura limita artistas de sua geração, eu sei. Mas daí para criar polêmica onde não tem é algo meio estúpido de se fazer. Qualquer pessoa que der uma entrevistinha falando mal de Caetano recebe uma respostinha no blog dele no dia seguinte. Mas Woody Allen? Ah, dele eu vou falar mal pro suplemento de um jornal paraibano.
Há espaço para todos, especialmente no mundo das artes, mas eu não consigo evitar a comparação de como cada um dos dois está lidando com sua carreira no momento, mesmo que em áreas diferentes. Cada um conclui o que quiser, claro, mas para mim Caetano perdeu alguns bons pontos dos pouquíssimos restantes.
Muitos discordam, mas Caetano é um ótimo letristas e compositor e é admirável ele estar lançando CD e fazendo show até hoje – a qualidade de tais acontecimentos já é outra história. O negócio é que alguém precisa avisá-lo, com urgência, que ele é um cantor. Pois ele não se satisfaz com isso. Também quer ser sociólogo, antropólogo, filósofo, historiador, ensaísta, teólogo, crítico literário e cinematográfico. Todos queremos e realmente somos tudo isso, mas apenas na mesa do bar. Caetano pode falar abobrinhas para a Rolling Stone e ser lido por milhares de pessoas. Essa é a diferença.
“É um careta, um cineasta pequeno”, declarou o cantor sobre Woody Allen. “Gay, maconha, rock, Bob Dylan, tudo isso é desprezado por ele”. Como se ignorar tais assuntos fosse sinônimo de ser um diretor ruim e como se todos os filmes que abordam tais temas fossem obras primas.
“E muitas das piadas são excelentes. Mas sempre se revela uma visão estreita”. Exatamente o mesmo pensamento pregado pelas pessoas que fazem parte daquele movimento contra música. Elas dizem que uma vez que a letra está gravada, cantar é apenas repetir uma ideia, sendo a música sinônimo de não evolução. Um argumento tão furado quanto a opinião de Caetano. Aliás, esqueça isso. Vamos considerar o argumento como firme e sair em caça de piadas com visão ampla!?
“Allen tem a grande elegância de dar a seus filmes a duração que os filmes tinham quando ele era menino. Talvez isso contribua para para o seu relativo fracasso comercial nos EUA: o público exige supersized movies”. Eu não sei nem por onde começar. O mais recente filme de Woody Allen, “Vicky Cristina Barcelona”, amplamente premiado, tem 1h36 de duração. E arrecadou mais de 23 milhões de dólares. Pouco comparando com algum do bruxo Harry Potter, mas é o dobro do que arrecadou, por exemplo, “A Rosa Púrpura do Cairo” e mais de 10 milhões a mais que “Tiros na Broadway”, de 1994, favorito de Caetano. O sucesso é relativo, mas isso combinado com chamar o cineasta de "pequeno", pode nos levar a concluir que, para Caetano, os bons cineastas são, então, aqueles por trás de líderes de bilheteria e só. Tiro arriscado esse.
Caetano Veloso parece perdido em vários sentidos da palavra. É muito complicado ser vanguardista hoje em dia e, ironicamente, a falta de censura limita artistas de sua geração, eu sei. Mas daí para criar polêmica onde não tem é algo meio estúpido de se fazer. Qualquer pessoa que der uma entrevistinha falando mal de Caetano recebe uma respostinha no blog dele no dia seguinte. Mas Woody Allen? Ah, dele eu vou falar mal pro suplemento de um jornal paraibano.
Há espaço para todos, especialmente no mundo das artes, mas eu não consigo evitar a comparação de como cada um dos dois está lidando com sua carreira no momento, mesmo que em áreas diferentes. Cada um conclui o que quiser, claro, mas para mim Caetano perdeu alguns bons pontos dos pouquíssimos restantes.
Para ouvir depois de ler: Never Smile At A Crocodile - Peter Pan
14 comentários:
eu acho que a queda do palco de Caetano só piorou sua situação de pretencioso. gosto de algumas letras dele, mas a antipatia pelo ser caetano é imensa.
Sempre achei o Caetano um idiota completo.
Como moro perto de Brasília, fui convidada por amigos para ir ao show da fabulosa queda no palco e NÃO FUI. Perdi essa cena.
Mas ainda bem que YouTube existe e PrintScreen também. O momento da queda de Caetano está eternizado na minha pasta "Palhaçadas".
Nossa, você está de parabéns texto muito elucidado... gostei muito do seu blog, e de como você aborda os temas... passarei a acompanhá-lo...
Abraços!!
Gostei muito do seu Blog. Recebi por indicação de um amigo, por ser fã do Woody, e resolvi comentar pra dizer que o jeito que você escreve é bem legal e essas coisas que enquanto escrevemos, gostamos de saber que acharam, enfim. Já adicionei o blog no meu G. reader. :)
Caetano Veloso só disse merda a vida inteira, não iria mudar agora. Quem lembra quando ele disse: "Eu posso fazer cover de qualquer música no mundo" Ah, e olha só..é dentro do campo musical, ou seja, Caetano Veloso fala merda até mesmo no que ele faz de melhor.
Como sempre, seus posts são ótimos e muito bem escritos!
Concordo com você Gabriel: ignorar determinados assuntos não o torna pequeno e explorá-los não torna, necessariamente, seu trabalho bom.
Abs,
Pedro
caetano ver o cinema de uma forma diferente, tipo cinemas dos anos 60.
Por isso ele questiona essa falta de posicionamento mais atual no cinema do allen, Onde se destaca mais as neuroses dos personagens regido por um bom jazz.
so que faltou no texto o motivo que faz caetano está errado, isto é, faltou explicar onde está a genialidade do allen que caetano tanto questiona.
assim como allen, caetano tb é genio - sou fã dos dois
O Caê pode ser o quiser!
Ele tem crânio suficiente pra ser sociólogo, antropólogo, filósofo, historiador, ensaísta, teólogo, crítico literário e cinematográfico,ator,vendedor de calcinha...
Ele fez uma critíca sucinta sobre um cineasta(q eu gosto).Ñ foi nada pessoal,diferente da sua opnião.
Ñ sei tbm pq deu tanta ênfase a "jornal PARAÍBANO"
Só os do sul devem prestar né??!
ele leu livros, mas não pode ser todas essas coisas se não tiver um diploma - coisa que ele não tem em área nenhuma e que você talvez não tenha também.
e eu dei ênfase no jornal pois falar de woody allen em um veículo que ele nunca terá acesso é covardia. o primeiro parágrafo do texto fala bem do jornal, repare.
ps: aprenda a escrever antes de falar dos meus textos ;)
Por que o Caetano insiste em continuar vivo?
Gosto muito do Caetano e pelo visto você curte muito o Woody né....
Deparei-me com seu Blog pesquisando o comentário de Caetano sobre Allen. Allen foi convidado para filmar “qualquer coisa” no Rio de Janeiro para divulgar a cidade assim como fez em Londres e Barcelona, sobre isso este respondeu que não conhecia a “ América Latina” e que poderia até filmar no Rio ou Buenos Aires (?). A visão da Allen sobre o povo do lado de baixo do equador é tacanha e claramente preconceituosa (vide BANANAS), e daí, Caetano também não gosta do forró genuinamente nordestino. No entanto, a importância de Caetano para a cultura do Brasil e da América Latina é que deve permanecer em foco. Qual a contribuição de Allen para o nosso povo? Deixando de lado a visão política e analisando no sentido exclusivamente artístico (para mim, impossível a dissociação), Caetano dá de lavada somente com o Tropicalismo. Allen nunca revolucionou nada com seus filmes, ao contrário, apenas consolidou o capitalismo burguês insosso. A propósito, Caetano Veloso tem razão, Allen é um cineasta pequeno, ele só tem 1,55m de altura. José A. M. Mariz (jammariz@pop.com.br)
Deparei-me com seu Blog pesquisando o comentário de Caetano sobre Allen. Allen foi convidado para filmar “qualquer coisa” no Rio de Janeiro para divulgar a cidade assim como fez em Londres e Barcelona, sobre isso este respondeu que não conhecia a “ América Latina” e que poderia até filmar no Rio ou Buenos Aires (?). A visão da Allen sobre o povo do lado de baixo do equador é tacanha e claramente preconceituosa (vide BANANAS), e daí, Caetano também não gosta do forró genuinamente nordestino. No entanto, a importância de Caetano para a cultura do Brasil e da América Latina é que deve permanecer em foco. Qual a contribuição de Allen para o nosso povo? Deixando de lado a visão política e analisando no sentido exclusivamente artístico (para mim, impossível a dissociação), Caetano dá de lavada somente com o Tropicalismo. Allen nunca revolucionou nada com seus filmes, ao contrário, apenas consolidou o capitalismo burguês insosso. A propósito, Caetano Veloso tem razão, Allen é um cineasta pequeno, ele só tem 1,55m de altura. José A. M. Mariz (jammariz@pop.com.br)
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