sexta-feira, 29 de abril de 2011

Se voce me odeia,

Eu te amo. E não seria metade do que sou sem você, juro. É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira.

Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim. Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito.

Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço. Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você.

E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos. Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que “negativo” significa o melhor resultado possível.

Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco. Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando. Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração.

Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor. E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas:

Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo.

Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado.

Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica.

Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso.

Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.

Com amor, da sua eterna ‘Fernanda’
- Fernanda Young


domingo, 3 de abril de 2011

Em algum lugar por aqui


Acabei de ver "Somewhere" e chorei em algumas cenas, viu? É um belo filme e cuja trilha sonora consegue arrancar lágrimas de tão bem pontuada. Mas uma outra coisa me chamou a atenção. A relação da menina com o pai lembra muito a minha com o meu pai. Claro que meu pai não era famoso ou rico e era ainda menos presente que o moço do filme, mas o tipo de relação é quase igual – pois o personagem é bem parecido com meu pai: bobo, mentiroso, distante e quase álcoolatra. O abismo intelectual que Cleo tem diante de Johnny é diferente, mas quase do mesmo tamanho daquele que eu tinha com meu pai. Aquele abismo que me deixava abobado. Eu ficava olhando para ele, tentando tomar coragem pra pular, mas eu ia cair se eu tentasse. Era melhor ficar cada um numa beirada mesmo, gritando. Mas aí eu fiquei rouco, parei de tentar ser ouvido, saí da beirada e fui pra casa.