quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Retrospectiva

Então (tô adorando começar minhas frases assim, com “então”, como fazem os paulistas), o que falar de 2008? Bom, foi um ano com muitas expectativas. Algumas frustradas e outras superadas. Mas acho que sempre é assim. Só posso dizer que conheci muita gente legal, gente de fora de BH. Viajei sozinho pela primeira vez, fiz tatuagens novas, fui 30 vezes ao cinema. Li menos livros que queria, comecei a trabalhar em período integral e tomei pau em uma matéria na faculdade (Economia). Mas é a vida. Tirando as coisas ruins, tá tudo excelente.

Filme de terror do ano: REC
Caramba, nunca pulei tanto de susto no cinema. Sem contar que é um feito eu ver filme espanhol no cinema (pronto, admito).

Ação do ano: Batman – O Cavaleiro das Trevas
Precisa falar? Esse filme chuta bundas. Detalhes aqui.

Filme de mulherzinha do ano: Juno
Antes que condenem, “Juno” é filme de mulherzinha sim. Afinal, que outro você já viu que fala de achar sua alma gêmea aos 16 anos? Enfim, o que importa é que o filme é super divertido e tem uma trilha sonora ótima.

Musical do ano: Sweeney Todd
Odeio musicais, mas impossível deixar de ver um do Tim Burton com Johnny Depp no elenco. Uma história de terror, cheia de piadas e músicas bem legais. Vi no cinema várias vezes, baixei a trilha, comprei o DVD. Ô fase.

Animação do ano: Wall-E
Simplesmente uma das coisas mais bonitas que eu vi no ano. Daqueles filmes que colocam todo o planeta numa perspectiva diferente. A Pixar se supera mesmo a cada filme (com exceção de “Carros”, que me funciona como um sonífero).

Comediante do ano: Sarah Silverman
She’s fucking Matt Damon e outros motivos muito bons. Eu ri.

Show do ano: Madonna
Olha, esse foi um desses anos que fui a poucos shows. Teve Fernanda Takai em março e Overstate em junho. Mas nada que se compare com Madonna no Morumbi. Primeiro show dela que eu vou, primeira viagem sozinho a São Paulo. Foi genial. Detalhes aqui.

Gadget que não preciso do ano: iPhone
Parece que tem gente que não se acha alguém na vida se não tiver um. Coisa de cabeça pequena. Ele não faz nada que um Blackberry bom não faça. Sem contar que é deveras grande.

domingo, 28 de dezembro de 2008

É imbecil fazer uma lista de coisas que queremos conquistar no ano que vai começar?

Eu quero beber menos. Gastar menos dinheiro em coisas fúteis. Quero comer melhor e voltar para a academia. Voltar a fazer yoga também seria bom. Tirar mais fotos. Sorrir mais. Ler mais livros. Ter mais compaixão com as outras pessoas, julgar menos. Usar melhor meus talentos. Ver mais shows. Quero tirar minha carteira de motorista. Ouvir mais meu sexto sentido, guardar menos segredos, menos rancor. Há também a vontade de voltar a falar com pessoas que cortei da minha vida e outra de cortar pessoas ainda presentes. Quero ser contratado na empresa que agora faço estágio. Quero sair de casa. Quero dormir melhor e me importar menos com coisas pequenas.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Eu vi a Madonna

Como praticamente todos ao meu redor, você deve saber que passei o último final de semana em São Paulo e que fui para assistir ao show de Madonna. Rapaz, foi genial.



Não é um show, é um espetáculo. A música, as roupas, as danças e as projeções no telão se casam muito bem e fazem que cada música tenha uma vibração totalmente única. Sem contar que Madonna é um ícone e ver qualquer ícone de perto causa um nervosismo incrível. E, desculpem os invejosos, mas ela está no mesmo patamar que Elvis, Frank Sinatra e Beatles quando o assunto é ser a porta voz de uma geração.

Os preços não permitiam, mas se você colocasse alguém que não curte Madonna na platéia, a pessoa ia curtir. Não há como não curtir a apresentação. Não é uma banda de rock, onde o show pode ter improvisos e os integrantes podem subir ao palco chapados. Aqui, há muito ensaio e praticamente nada foge do script. Mas, ao invés de deixar a apresentação ruim, isso faz dela perfeita. É quase uma instalação de arte.

Quase não acredito que posso cortar Madonna daquela lista mental secreta de shows que precisamos assistir antes de morrer. E nem creio que em 2009 vai ter Alanis Morissette aqui em Belo Horizonte. Terminei o ano com uma chave de ouro e começo o próximo com outra.

Quer muitos detalhes do show? Clique aqui!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Dicas para deixar sua vida melhor e o mundo menos horroroso

Não Acredite no Hype: Seja lá o que for, você será só mais um palhaço achando linda uma coisa que, até ontem, você achava cafona. E ser um palhaço não remunerado não tem graça. Se pagarem é outra conversa. Mas ó: se não te serve, não é confortável ou não combina com você, não se sinta mal por não ter, não usar ou não ouvir.

Gentileza Não Mata: Gentileza é uma palavra em desuso numa época em que os ídolos são caras com a mão no saco ou garotas que parecem ter saído de péssimos pornôs. Inventaram que ser grosso é cool. Não caia nessa. Uma pessoa simpática sempre é mais valorizada, mas também não saia distribuindo sorrisos pra todos, fica falso.

Como Coelhos: O mito da pessoa perfeita tem arruinado a vida sexual de muita gente. O melhor é – tomadas as devidas precauções – transar sem idealizações românticas. Sexo é bom até quando é ruim. A pessoa certa pra você existe, mas trate de se divertir um pouco enquanto espera ela chegar.

Baseado na tirinha de Allan Sieber. Folha de S. Paulo, 15/12/2008.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Os gays, as crianças e os adultos

Acabei de assistir “Madagascar 2” com minha irmã mais nova. E foi ela mesma quem reparou e me disse depois da sessão: “Quanta piada de gay, né?”.

De fato. A nova comédia animada da DreamWorks tem tiradas fantásticas e um genial humor visual (não vou dizer “físico” pois não são atores reais). Entre os trocadilhos e piadas infames, muitas têm referencias gays. Não são explícitas nem de mau gosto, mas não é paranóia, elas estão lá.

Quer um exemplo? O filme começa contando a infância do leão Alex. No flashback, vemos que o nome completo dele é Alicay e que ele não era aceito pelo pai, pois preferia ficar brincando com borboletas e dançando ao invés de lutar com outros leões.

Em outro momento, um marsupial que chega dançando usando um biquíni de duas peças, provoca os outros perguntando quem se sentiu atraído por ele antes de sua verdadeira identidade ter sido revelada.

Bizarro? Na verdade não.

A população gay está crescendo e buscando seus direitos. Apesar de ainda existir muito preconceito e desinformação (caso não sejam sinônimos), muitas coisas estão sendo esclarecidas e, em busca de seus direitos, casais homossexuais estão sendo mais bem aceitos. Dessa forma, casar e ter filhos tem sido uma opção. Na verdade, legalmente ou não, isso tem acontecido desde sempre.

“Madagascar 2” está longe de ser uma tentativa de esclarecer qualquer aspecto em relação ao tratamento dado aos gays, mas o filme atinge muita gente (no Brasil, ele já contabilizou 220 mil espectadores no final de semana da pré-estréia) e isso é uma mudança interessante na hora de fazer humor para crianças.

Afinal, quem nunca suspeitou de Scar, o tio do Simba em “O Rei Leão”, Piu-Piu, He-Man, Velma, Snarf dos Thundercats, Robin ou Shun, o Cavaleiro dos Zodíacos de armadura rosinha?

Quando alguém fala sobre filhos de casais homossexuais todo mundo já pensa em adoção, inseminação artificial, barriga de aluguel. Mas nem sempre é assim. Pais e mães ao redor do mundo se divorciam e encontram a felicidade ao lado de alguém do mesmo sexo todos os dias. Como as crianças vêem isso? Legal ver gente preocupada com o tema.

Falando nisso, viram que a Proposta 8 passou? Ela torna o casamento entre gays novamente ilegal na Califórnia, um retrocesso inacreditável. Campanhas contra sua aprovação (que contaram com apoio de gente como Cynthia Nixon, Steven Spielberg, Brad Pitt e Angelina Jolie) não foram suficientes. Uma pena.

Como disse a cantora Melissa Etheridge no programa da Oprah, não é que todo gay queira casar, é que eles tem que ter a opção. “Nosso país tem uma linha muito tênue entre igreja e estado. Um país que oferece liberdade religiosa é maravilhoso. Se você acredita que vou para o inferno pelas coisas que faço, okay. Você tem o direito de acreditar nisso e tem seus direitos civis”. Ou seja, quem não acredita não tem? Que maluquice é essa?

Para ouvir depois de ler: Why It's So Hard? - Madonna

domingo, 7 de dezembro de 2008

Quando ninguém rouba a cena



Algumas pessoas vão dizer que é exagero meu, mas “Queime Depois de Ler” deve ser uma das melhores comédias que vi em 2008. Nele, os diretores Joel e Ethan Coen satirizam os filmes de espionagem, gênero que nunca fez minha cabeça.

É assim: Um agente da CIA, Osbourne Cox (John Malkovich), pede demissão quando a agência lhe ofereceu um posto burocrático. Ele começa a escrever um livro de memórias e sua esposa (Tilda Swinton) faz uma cópia dele para anexar ao seu processo de divórcio e poder, enfim, viver com seu amante, Harry (George Clooney), um ex-segurança do governo.

Até aí, tá entendido? Então, o rascunho desse livro do Cox cai nas mãos de Linda (Frances McDormand) e Chad (Brad Pitt), dois palermas que querem lucrar alguma coisa com o material – mesmo sem saber exatamente do que se trata.

E isso tudo é só o começo.

A sátira à espionagem é sensacional. Além de câmeras que simulam telescópios, helicópteros e agentes com escutas no ouvido, a rede de segredos, chantagens e mentiras entre os personagens é tão extensa que, no fim, nem eles mesmos sabem o que estão fazendo. E pra não correr o risco dos telespectadores sentirem a mesma coisa, os Coen fazem alguns “recapitulando”, na forma de dois agentes da CIA que buscam algum sentido nos acontecimentos.

O genial é que um processo de divórcio, acontecimento insignificante em escala global, acaba se transformando em uma bagunça que envolve mais gente do podíamos imaginar. Como na vida real, o filme mostra que ninguém é 100% bom, ou ruim, ou inteligente, ou burro.

Mas nem o próprio filme se leva muito a sério, é tudo uma grande piada. As vezes você acha que tem alguma mensagem, alguma lição em alguma coisa. Mas não tem. As tiradas são rápidas e mórbidas, não dão o tempo de você pensar – ou seja, se não entender alguma, esqueça. Até você refletir no que foi a piada, já passaram mais duas na tela – e provavelmente uma é do Brad Pitt, especialmente engraçado neste filme. Aliás, eu quase falaria que ele rouba a cena, mas todo o elenco é hilário.

Deve ter sido um roteiro complexo de escrever e eu realmente não sei quanto tempo eles levaram escrevendo e filmando, nem quanto foi gasto na produção, mas “Queime Depois de Ler” valeu cada centavo dos cofres da Paramount e do meu bolso.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Com inteligência picante, Woody Allen prova que amadureceu com saúde

Meu trabalho final da matéria Jornalismo Cultural foi sobre o filme “Vicky Cristina Barcelona”. A quem interessar possa, segue a versão resumida. :)



Ansioso, Woody Allen trata de explicar bem rápido ao expectador sobre o que é seu filme. Em “Vicky Cristina Barcelona” não é diferente. Por meio de um narrador, o cineasta nos apresenta duas jovens americanas - a conservadora Vicky (Rebecca Hall) e a aventureira Cristina (Scarlett Johansson). As amigas, que tem opiniões totalmente diferentes sobre o amor, viajam para Barcelona. A fim, simplesmente, de passar as férias de verão por lá, elas acabam se envolvendo em confusões amorosas com um pintor libertário, sedutor e extravagante (Javier Bardem) e sua insana e igualmente libertária ex-esposa (Penélope Cruz).

Com exceção da novata Rebecca Hall, seu elenco é muito conhecido e premiado mundo afora e Barcelona é um cenário colorido e caliente que ainda não havia sido explorado por Allen. O diretor tem em suas mãos armas pesadas, mas acerta o público alvo.

O elenco, em especial as mulheres, tem muito a oferecer. Entretanto, não há espaço para improviso. O que é bom. O texto de Woody Allen é recheado de piadas inteligentes e frases de efeito intrigantes e que fazem pensar.

Todas as dúvidas sobre o que é o amor e como ele é relativo estão no filme. E são apresentadas logo nos créditos, pela música “Barcelona”, de Giulia y Los Tellarini, que, com violões despretensiosos, nos pergunta "Por que tanto se perde e tanto se busca sem se encontrar?". E você vai sair do cinema cantarolando esses versos sem perceber.

Também é bom ver que a atual favorita do diretor cresceu e apareceu ainda mais. Em “Scoop”, de 2006 e também de Woody Allen, Scarlett Johansson não convencia. O papel pedia uma pessoa mais jovem e ela passou por momentos meio embaraçosos, nem ela parecia acreditar no que estava falando. Já em “Vicky Cristina Barcelona” o papel foi feito para a moça, que se sente à vontade e, portanto, dá um show de atuação. Precisa, detalhando os pensamentos de sua personagem, mas sem exageros.

E o humor cínico não aparece apenas nas falas. A história intensa mostra muito da arquitetura de Barcelona, mas não deixa tempo de criticar a cidade. Woody Allen limita-se a alguns pontos turísticos, mas insere críticas boas e ruins, como a exaltação ao clima das rodas de violão e o fato de que ninguém se preocupa muito em trabalhar.

“Vicky Cristina Barcelona” já é o recorde de bilheteria do diretor por aqui. Além de ter um belo elenco de estrelas, é um filme de verão charmoso. Todo mundo sai do cinema comentando algo, inegável. Não é um filme sobre sexo com libertinagem solta e explícita, tampouco uma cópia de Pedro Almodóvar – a belíssima fotografia quente e colorida de Javier Aguirresabore dá mesmo essa impressão. Mas também não é um romance tão simplista como o de “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), que, com humor, reduzia as absurdas neuroses dos relacionamentos amorosos a piadas – excelentes, mas piadas. Há humor, claro. Mas ele é mais comedido, adulto e, muitas vezes, provocador. “Vicky Cristina Barcelona” prova que até Woody Allen pode amadurecer ainda mais. E com saúde.

Para ouvir depois de ler: Barcelona - Giulia y Los Tellarini

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Geração anos 90

Fiz aniversário há um tempo e tenho refletido sobre o peso da idade. E, confesso, ainda está leve. Sabe, 21 anos é muito e é tão pouco.

Nasci em 1987. Ano que o Nirvana foi fundado. Vi Collor na TV, sem entender direito quem ele era. Comprei vinil da "TV Colosso" e nunca me derem nenhuma mesada antes do Real. Cresci em silêncio, roubando os discos dos Beatles da minha mãe, indo pra escola de all stars, penteando o cabelo de lado e lendo Mark Twain no ônibus. Só bebia refrigerante às vezes. E a garrafa tamanho família tinha só 1 litro!

Ensinei minha mãe a jogar "Prince of Persia" em um computador de tela preto e branca. Passava sábados inteiros jogando "Mario World". Eu tinha um canivete do MacGyver. Aprendi a falar inglês sozinho, vendo filmes legendados desde quando aprendi a ler. Vi "Titanic" e os primeiros filmes da Pixar no cinema. Fazia amigo oculto no Natal com a família. Tinha bonecos dos Power Rangers que viravam a cabeça.

Nunca vou esquecer a primeira vez que comi uma pipoca de microondas, a primeira vez que andei de avião, o primeiro CD que comprei, a primeira vez que tive coragem de levar meu discman para a escola. Das vezes que matei aula simplesmente para andar, que ri até minha barriga doer com certos amigos, das vezes que fui parar na diretoria (foram poucas, mas foram punks).

Pensa bem. Se deu pra me divertir tanto até agora, imagine no resto da minha vida! Quando as coisas ficaram tão complicadas?

Para ouvir depois de ler: Say You'll Be There - Spice Girls