quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A favor de HSM (mas só um pouco)

Amanhã estréia nos cinemas o novo filme da turma do High School Musical. Trata-se de nada menos que a maior franquia da Disney no momento. O primeiro filme foi um tiro no escuro que deu certo e o segundo confirmou que o sucesso era ainda maior. Os moços e moças da série estão estampados desde roupas até copos, passando por revistas e álbuns, e renderam mais até hoje que Wall-E, por exemplo.

É uma chatice, claro. Não gosto de filmes musicais – muito menos dos que tem uma lição no final. Mas, ei, eu não sou o público alvo desse filme. O elenco do High School Musical (e de outras séries, filmes e bandas da Disney, como Jonas Brothers e Hannah Montanna) tem sido perseguido por ser muito bem comportado.

Como irmão mais velho de uma fã, confesso que preferia ver minha irmã ouvindo The Clash ou até mesmo Green Day (ou até Avril Lavigne!) que os teens do Jonas Brothers, mas fazer o quê? Os caras usam um anel no dedo que simboliza que eles são puros e que vão perder a virgindade apenas depois do casamento. Uma cafonice sem precedentes, mas ninguém pode negar que é um bom valor pra ser passado para crianças e pré-adolescentes. Nem vou discutir se eles estão falando a verdade e muito menos se todos os fãs farão o mesmo, mas acho revolucionário ser polêmico por ser comportado.

Os ídolos do pop saem por aí sem calcinha, pintam o cabelo de rosa, ficam sem depilar o suvaco, chupam gente dentro do banheiro de boates, são acusados de pedofilia. Fica tudo tão banal, que nem choca mais. No meu tempo não era assim, não. E, pelo visto, os tempos da minha irmã também não estão sendo.

Para ouvir depois de ler: Arco-Íris – Xuxa

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Esse texto não é sobre Madonna e Guy Ritchie

Onde há fumaça há fogo, dizem. E os boatos de que Madonna e Guy Ritchie iam se separam estavam aí há muito tempo. A adoção de David Banda, órfão do paupérrimo país africano Malauí, foi interessante e bonita e tudo, mas não parecia uma versão pós-menopausa do famoso golpe da barriga pra segurar o casamento? Enfim, ontem, a porta-voz da cantora confirmou as fofocas da separação.

Analisando o casamento deles, dá pra sacar como era tenso. Além de cada um ser de um país diferente – alguém teve que ceder e se mudar – haviam filhos em casa e fotógrafos nas janelas. Mas eu realmente acho que a gota d’água foi a carreira. Imagine como é ser casado com Madonna.

Sem desmerecer Guy Ritchie, poxa. “Snatch” é um dos filmes mais legais que já vi. Mas nos últimos sete anos – tempo que eles foram casados – cada um foi para um lado. Com sua recente turnê, por exemplo, Madonna não para de ser mencionada e exaltada e sair de cada país varrendo milhões de dólares, enquanto Ritchie reeditou “Revolver”, um bom filme feito em 2005, pra ver se consegue algum trocado nas bilheterias britânicas – pois o fracasso nos Estados Unidos foi inacreditável.

Não há amor e Cabala no mundo capaz de abstrair isso. Por mais legal que fosse estar junto, devia ser humilhante pro machão do Ritchie viver às custas da esposa. Vão dizer que essa situação dava poder à Madonna, pode ser, mas se ela realmente amava o cara, nada mais nobre do que não se importar com o dinheiro que ele trazia para casa – principalmente pois já tem muito dinheiro no banco, né?

O namorado de uma amiga disse que o amor dele era “eterno enquanto durasse”. Expliquei pra ela que isso não quer dizer que é limitado. Pelo contrário. Enquanto existir, será eterno. Pois esse “eterno” é infinito. Tamanho, não duração. Que dure um mês, dois, um ano, sete. Todo esse texto foi pra dizer que acho que jogar todas as suas fichas em um relacionamento já é , por si só, a maior prova de amor que existe.

Para ouvir depois de ler: Miles Away - Madonna

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Serve pra quê?

Já parou pra pensar pra quê servem redes sociais tipo o Orkut? Eu tenho uma teoria! Não sei se é uma teoria minha ou se é uma dessas que a gente ouve e concorda tanto que acha que é nossa, mas aqui vai: é uma festa.

Sim, simples assim. Orkut é uma festa. E existem vários tipos de festa e é você quem faz a sua. Suas fotos e comunidades servem de decoração e seus amigos são os convidados. Já viu gente que o Orkut todo é sobre música japonesa? Comunidades sobre j-rock, amigos que ouvem j-rock, álbum com fotos de bandas de j-rock. Alternativinhos tem fotos artísticas, capas de livros e filmes, poucas comunidades, avatares abstratos. Vegetarianos tem um "V" verde na foto, animais morrendo no álbum. E os “playboy pegador” têm 300 amigas e 300 fotos sem camisa. É assim, você que manda no seu Orkut, na sua festinha.

O negócio é que outrora era só Orkut. Hoje o número de redes sociais existentes é inacreditável! Fotolog é uma rede social? Talvez. É como se existisse uma empresa de vigilância, pois o critério de escolha das fotos publicadas é muito individual – apesar de quase inexistir. Uma das redes mais chatas é o Flickr. Deu um foco e uma luz indireta naquele gato pulguento, taca a foto no Flickr. Também é útil para ver gente feliz de férias em lugares exóticos e maravilhosos aos quais você jamais irá. No MySpace só tem emo, nem comento. Mas é bom pra ter bandas como suas amigas. Second Life foi criada por pessoas que não têm uma, er, First Life. O Hi-5 é uma lenda urbana. Todo mundo recebe 50 convites, mas ninguém tem. Ai, preguiça.

Apesar disso, eu gosto muito das que faço parte, sabe? Me mantém em contato com gente que quero estar e que, sem Orkut e Twitter, não sei como ia fazer – gente que mora muito longe e tals. Mas é aquela história: se não fosse isso, ia ser outra coisa... Mas seria o que?

Para ouvir depois de ler: The Rembrandts - I'll Be There For You

domingo, 5 de outubro de 2008

Antropologia com Richard Gere

Já vou adiantar três coisas: a) esse texto contém spoilers do novo filme de Richard Gere; b) esse post não é sobre o filme de Richard Gere, c) alguém que lê esse blog se importa com Richard Gere?

Como uma boa mulher divorciada, minha mãe é fã de Richard Gere. E ela me convenceu a ver o novo filme do cara, “Noites de Tormenta”, sob a proposta de pagar meu ingresso e me levar pra comer no Subway depois. Aceitei, claro.

É um programa divertido para ela, afinal seu segundo maior ídolo vai estar em uma tela de três metros – o ídolo número um é George Clooney. Apesar de ir ao cinema sozinho ser muito chato, não quis sentir que estava fazendo um favor ao acompanhá-la. Decidi que eu ia me divertir e me deixar gostar do filme. O filme tem uma trilha sonora legal, cheia de jazz, mas é uma bomba. Mentira, nem é tão ruim. Mas tem uma história de amor cretininha, vários clichês e uma choradeira sem fim – principalmente pois não tem um final feliz. O número de gente chorando ao meu redor não está escrito.

Isso me fez reparar as outras pessoas no cinema. Interessante. Éramos o único “mãe e filho”. O restante era casal de namorados e grupo de amigas. Trata-se de um filme sobre dois divorciados que se isolam do mundo no mesmo lugar. De certa forma, um filme sobre esperança, sobre futuro. E não é isso que todo mundo nas poltronas estava querendo? Os casais querem ser felizes juntos e as solteiras de meia-idade querem ouvir que é possível recomeçar.

De fato. Nunca é tarde pra amar de novo nem cedo demais para acreditar no pra sempre. Fiquei tocado com isso. Quem diria, ein, Richard Gere?

Para ouvir depois de ler: All is Full of Love - Björk