domingo, 25 de novembro de 2007

Saldo

Se tem uma coisa boa em aniversários é a reflexão. As pessoas param pra pensar em suas vidas apenas nessa data – e ocasionalmente no ano-novo. Eu geralmente não chego a conclusão nenhuma em nenhuma das datas citadas a não ser a de que um ano se passou. Parece redundante, mas não é. O único conceito de tempo que eu devia ter é o de que ele está passando.

Fiz 20 anos na semana que passou. Vinte. É incrível o tanto de coisa que já fiz e já passou por mim. É aliviante ver as coisas que quis e tive como fazer e não fiz. É patético lembrar de certas coisas, nostálgico de outras. Eu me sinto totalmente livre e, ao mesmo tempo, completamente atolado de planos. E certos planos são armadilhas. Mas apesar de todo o inferno (astral) que passei e passou, apesar das decepções e choros, dos tapas e socos e dores, também houve música, e amores, e cócegas e cicatrizações.

domingo, 18 de novembro de 2007

Já está escutando os sinos natalinos?

Pois é. Nem eu. Mas não é isso que as lojas querem que a gente responda. Porque se depender delas, o Natal começou lá pelo dia primeiro de novembro. Acontece que o calendário que eu e você conhecemos – aquele de 365 dias divididos por 12 meses – não é o adotado pelo comércio. O calendário deles é bem diferente.

Funciona assim: o ano para eles começa no final de dezembro, pós-Natal, quando chega o carregamento de roupas brancas, taças de champagne e cartazes com o ano seguinte escrito e estampado em letras brilhantes. Isso vai até o dia 2 de janeiro, quando a decoração de Reveillon dá lugar à decoração de Carnaval. Essa, por sua vez, dura bastante: acaba só lá por março. Máscaras de bailes antigos e confete em todas as vitrines desse meu Brasil.

Aí chegam os ovos de Páscoa de todos os tipo. E fica todo mundo morrendo de claustrofobia nas Lojas Americanas escolhendo qual vai querer e se decepcionando com o que ganha. Mas nem bem o coelhinho passou e já é substituído por tudo o que é relacionado com mães. Daí dá-lhe rosas vermelhas enfeitando as vitrines, juntamente com a palavra “Mãe” escrita em letras bem bregas, itálicas e com glitter.

Mamãe nem bem abriu o presente e tudo vira decoração de namorados. Corações bregas, ursinhos de pelúcia bregas e lingeries provocantes bregas tomam conta dos estabelecimentos. Dia dos Namorados é de longe a data mais comercial na minha opinião.

Passou o 12 de junho, é a vez do papai. Gravatas, maletas e, óbvio, a palavra “Pai” escrita em letras bem bregas. Logo depois vem o dia das crianças e as propagandas incrivelmente toscas da Brinkel que divide sua compra em até oito – sim, eu disse oito – vezes sem juros.

Por isso, enquanto os pais ainda estão devendo, aparece um panetone aqui, um pinheirinho ali, uma música da Simone acolá e mal você se dá conta de que o Natal chegou – e ainda estamos em outubro. Então, dá-lhe a overdose até o dia 26 de dezembro quando, como vimos anteriormente, começa o ano novo na cabeça dos lojistas.

A lei dos pisca-piscas funciona ao contrário: podem falhar, mas nunca tardam.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Os Strokes já têm 8 anos.

Por que alguém chegou e me disse que a única banda que tinha acompanhado desde o começo era Strokes. E eu pensei “aff, cala a boca – Strokes começou, tipo, ontem”. Aí depois parei pra pensar e, tsc tsc, eles são de 99. Noventa e nove! Aquela bandinha junkie tá caminhando pra uma década de existência já, minha gente.




Top 5 motivos pra gostar de Strokes

Eles são competentes: É, eles são todos filhos de empresários milionários e podiam viver assim, ser playboys e não trabalhar nunca. Tudo bem que ter uma banda de rock não é lá muito trabalho, mas uma vez que ela faz sucesso é preciso ser objetivo e organizado. Coisa que eles, mesmo bebendo e fumando no palco por exemplo, conseguem ser – nunca ouvi falar de um show que tenha sido uma merda.

Eles são bem-humorados: Pode ser the beer speaking, mas eles têm muito senso de humor – e eu acho isso fundamental em todas as pessoas. Os clipes de “Someday” e “Juicebox” mostram isso muito bem - além das performances ao vivo, atitudes com fãs e letras.

Eles são retrôs: Ver o clipe de “Someday”, por exemplo, é quase voltar aos anos 70. As carinhas junkie, os cabelos desgrenhados, as botinhas, os all stars, as calças justas e os casacos jeans. O estilo Strokes de se vestir foi muito importante nos anos 2000: enquanto David Beckham fazia heteros se vestirem como gays, os Strokes faziam os gays se vestirem como roqueiros.

A bateria é boa: Acho que muita gente concorda quando digo que uma das coisas mais marcantes das músicas dos Strokes é a bateria. As batidas são rápidas e agradáveis. Sem contar que Fabrizio Moretti é um dos caras mais bonitos que já passou por esse planeta. Deusquebenza.

O vocalista dança: No comecinho do clipe de “You Only Live Once”, o vocalista Julian Casablancas canta fazendo caretinhas e dançando de um jeito muito bonitinho. Eu sei que pareço uma pré-adolescente falando isso, mas é que, tirando a voz, antes desse clipe eu não via charme nenhum nele.

sábado, 10 de novembro de 2007

"Friends" em comum

Monica teve um curto relacionamento com um homem chamado Richard. Não durou muito, mas foi intenso. Quando ela o confronta sobre questões do futuro e vê hesitação em sua fala e em seus olhos, desiste. Era necessário parar de se ver para que pudessem esquecer – um o outro.

Eles param de se ver, mas não de se gostar. Monica não consegue pensar em mais nada. Não dorme bem, não acorda bem. Ouve as músicas dos dois, lê os livros dele, assiste seus programas de TV favoritos e tem a impressão de vê-lo em toda e qualquer rua por qual passa. A pior sensação é a de não saber a resposta pras seguintes questões: ele se importou? Ele também está triste? Ele também sente falta de conversar comigo?

Até que uma visita surpresa de seu pai muda tudo. Ela pergunta o motivo de uma inesperada visita à filha e ele diz que queria saber se ela estava bem. Ele tinha visto Richard. E, caramba, ele estava acabado, miserável, morrendo de saudades dela. Segundos depois de ouvir isso, Monica consegue finalmente pegar no sono. Seu pai a cobre e vai ver TV.

“Friends” é definitivamente a melhor comédia de todos os tempos pois ultrapassa limites em todos os sentidos – inclusive o de gênero. O episódio acima pode parecer sádico ou cruel, mas é reconfortante. Saber que o outro também sofre dá a impressão que a sua dor não foi em vão. E é disso que sinto falta: retorno.

Para ouvir depois de ler: Let’s Talk About Spaceships – Say Hi To Your Mom

domingo, 4 de novembro de 2007

Legalizar é o começo ou o fim?

Alguém aí viu “Tropa de Elite”? Acredito que sim. É o filme mais falado nesse meu Brasil. Não virou meu favorito, mas achei bem interessante. A parte que eu mais gostei é ele ter levantando uma discussão (que, aliás, já cansei de ter) sobre legalização das drogas.

Nesses meus 19 anos já fui a lugares onde poderia ter escolhido qualquer coisa pra usar. Foram inúmeras possibilidades de experimentar alguns dos poucos tipos de drogas que conheço. Aliás, se há alguma ignorância de que me orgulho é a de não ter usado nenhuma na minha vida. Não é uma experiência que quero ter. Não por me opor em termos morais – conheço muita gente que usa, usou e tals – mas não é pra mim.

Tem uma cena que um policial atira em um traficante e pergunta para um estudante que está no morro quem o matou. Depois de insistirem numa resposta o cara olha para os policiais e diz “Sei lá, um de vocês”. E ele responde: “‘Um de vocês’ o caralho! Foi você! Você que financia o tráfico!”.

Achei isso poderoso pois, de uma forma ou de outra, é verdade. Sempre me vi tentando ser neutro mas não dá mais. É preciso que o usuário também entenda a responsabilidade dele na engrenagem toda. Se há tráfico, violência, assaltos e et ceteras, é porque existem compradores, não? Não consigo mais fingir entender ou não me chatear com pessoas usando uma blusa da Zoomp com estampa de cannabis...


“Quantas crianças vamos perder pro tráfico pra que o playboy possa fumar um baseado?”