sexta-feira, 17 de junho de 2011

Divas x Divas


Todo mundo sabe que não sou lá fã de futebol. E só tem uma coisa mais chata que torcedor comemorando a vitória do time que torce: gente comemorando a derrota do time rival. Mas esse texto não é sobre o esporte, é sobre “divas”.

Não vou entrar no mérito do que elas são e de quem merece ou não o título de diva, mas percebi que elas são tipo times de futebol para alguns.

Se sua cantora favorita lançou um CD ou um clipe que você achou legal, você vai lá decora as músicas, as coreografias e arrasa na boate. Mas parece que se outra cantora lançou uma coisa que você achou ruim, você pode fazer piadas com as pessoas que gostam dela. Como se as vendas de um CD fossem um reflexo honesto sobre a qualidade das músicas...

Parece que muita gente esqueceu daquela época que o Lennon estava na plateia do Jagger e agora é cada um por si. Não pode gostar de Shakira e J-Lo, por exemplo. Acho uma babaquice esse tanto de viadinho agindo como se isso realmente importasse, ficando realmente ofendido e ofendendo uns aos outros por causa da pessoa que eles admiravam (olha isso!). Como se você ser fã de tal ou tal cantora definisse o seu caráter, seu senso de humor, seu lugar no mundo, seus valores.

É estranho. Tem muito preconceito no mundo com os gays e eles ainda conseguem arranjar um motivo a mais e besta como esse para brigar. Fora dessa comunidade são raros os casos, o resto do povo não está nem aí. "Eu gosto de Móveis e você gosta de Pato Fu. Ok, então". Mas não, não pode ser assim. Se o fulano gosta de Kylie e você gosta de Beyoncé, vocês tentam um explicar pro outro porque sua 'ídola' é melhor que a dele". Não, gente! Não é assim! Foda-se.

Na verdade, o maior problema é que não é apenas uma questão de gosto, é uma questão de ódio. Olha só: eu não vou muito com a cara do povo do Offspring, sabe? Então eu não baixo CD da banda e não vejo os clipes dos caras. Eu não corro atrás de tudo que eles fazem para poder anotar o que eu acho errado e jogar na cara dos fãs da banda. O que não gosto na banda não é uma prova irrefutável de que ela é ruim, não funciona assim. E muito menos irei usar os elementos que eu não gosto do Offspring para justificar a minha idolatria por outra banda. São artistas diferentes e há espaço para todos - talvez não no meu iPod, mas no mundo sim.

(Lady Gaga é um bom exemplo do contrário. Eu gosto dela. O que ela faz está longe de ser genial, mas também está longe de ser medíocre. O clipe novo saiu e, antes que eu pudesse ter tempo livre para ver, todas as pessoas que eu conheço e que não gostam dela já tinham visto e estavam pra lá e pra cá falando que o clipe é ruim. Oi? Que tara é essa? Pra quê isso? Deixem pra lá se vocês não gostam)

As pessoas também esqueceram que música é arte. E arte, em sua excelência, é subjetiva. Eu gostar não faz a coisa boa; eu não gostar não faz a coisa ruim. Estamos claros? É de uma arrogância muito grande comportamentos limitados desse tipo, rivalidades imaginárias como essas.

Que tal todo mundo perceber que o que você deixa de fazer pode ser exatamente o que deixa o outro feliz? É pedir demais que as pessoas se foquem naquilo que elas gostam? Acho que seria uma boa.

3 comentários:

Alysson disse...

Parece que tu espremeu meu cérebro e, com a gosma encefálica, tu fez esse post! Brilhante, Gabriel, e faço parte do grupo que fica paralizado de absurdo quando vê essas briguinhas de fãs vs haters...

Ótimo post! =)
Abraço...

Manoella disse...

Ótimo texto! Já tinha tentado postar um comentário aqui, mas pelo visto não foi, né? Adoro sua sensatez.
Beijos

Carol disse...

muito bom esse texto!