domingo, 12 de julho de 2009

A modernidade não precisa ser líquida

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, vivemos em tempos líquidos. Um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível.

Pegue como exemplo as empresas. Com o passar do tempo, abrir uma empresa se tornou algo mais fácil. Atualmente, basta ter um computador – e pode ser o mesmo que você usa em casa. O que isso quer dizer? Estruturalmente, ela não tem uma base física. E isso traz inúmeros benefícios, como diminuição de custos e a facilidade e rapidez com que os cacos serão recolhidos caso ela não dê certo. Em poucos dias tudo está pronto para começar algo novo.

O mesmo tem acontecido com o amor e os relacionamentos. Ninguém quer nada profundo hoje em dia. Afinal, em caso de falência, muitos ficarão sem emprego e será muito triste derrubar o prédio da sede. Talvez seja uma tendência. Ao invés de termos casamentos duradouros e namoros cheios de cumplicidade, temos casos curtos que não levamos mais do que uma ducha para esquecer.

É muito fácil isso. Não se envolver é sinônimo de não se machucar, não se entregar e também é uma segurança de que você não está sendo passado pra trás por ninguém. Entretanto, quem tem todos não tem ninguém e nunca houve tantos casos de estresse, depressão e distúrbios alimentares no mundo. Como foi que chegamos nisso?

Ah, e não pense que isso vale apenas para casais. Já assistiu “Clube da Luta”? O personagem de Edward Norton tem uma teoria ótima sobre tudo na nossa vida que é servido em uma “porção individual”, como em aviões. Temos amizades segmentadas e uma lista de tópicos apropriados para cada pessoa do trabalho e de casa. Não somos nós mesmos hora nenhuma.

Mas não precisa ser assim. Claro que, com tudo isso, arranjar alguém disposto a não seguir esse modelo de comportamento é cada vez mais raro, mas é possível. Talvez muitos dos que são assim nem percebam. Por isso, agradeça aos céus se tem um bom amigo do lado ou alguém que te ama por perto. São pessoas que você merece ter na sua vida, mas que estão ficando extintas no mundo.

Para ouvir depois de ler: Folding Chair – Regina Spektor

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