quarta-feira, 2 de julho de 2008

Eu acabei de nascer

As pessoas com boas notas não tinham vida social e as que tinham vida social não tinham boas notas. Essa máxima era a desculpa que eu usava para ser infeliz à minha analista. Afinal de contas, no colégio, eu não tinha nenhuma dessas duas coisas. Ainda tenho dúvidas se tê-las teria me feito feliz, mas não é essa a questão. A questão é que eu não tinha pois não queria, acho.

Pensa comigo. Eu não vou responder, mas imagine o meu conceito de vida social na quinta série. Porque eu não bebia, não saía, não usava nenhuma droga nem fazia sexo – e já vieram me dizer que existiam boatos que eu fazia essas coisas todas e as vezes juntas. Ai, ai. Então, vida social de quinta série eu tinha sim. Ia ao cinema, ia ao McDonald’s, matava aula pra comer chocolate. Não acho que havia algo errado nisso.

Eu me achava maduro demais para as pessoas ao redor. No mesmo dia que fui à escola sem ter dormido pois virei a madrugada terminando de ler “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, ouço pessoas comentando sobre a última entrevista da Sandy. Ô preguiça. E pra alguém que aprendeu inglês sozinho, freqüentava sebos e usava o cabelo partido de lado, havia algo de político e anárquico em ter notas baixas.

A verdade é que a vida ficava mais fácil mantendo a expectativa de todos baixa. Ainda fica. Minha arma quando crescendo era já parecer estar crescido. E só confesso isso pois constatei que minha arma para negar que cresci é parecer estar crescendo. Eu não estou correndo atrás de nada que perdi, não acho que perdi nada, mas sim que há espaço para tudo.

Ler fofocas de celebridades não anula Edgar Morin. Minha inteligência não está perdida se estou sendo infantil ou nojento. Há hora e lugar para ser sério. E, como eu já disse antes, acho que aquela seriedade e importância que eu dava pras coisas quando era mais nova vinha do medo. Hoje ela vem de um lugar diferente, do reconhecimento. Que irônico: eu escolhi ler livros sobre pessoas, ao invés de interagir com elas, para poder ser levado a sério. Agora eu pouco ligo. Como disse Dr. Seus, seja quem você é e diga o que você pensa. Afinal, os que interessam não se importam e os que se importam não lhe interessam.

Eu achei que tinha me tornado adulto ali, às sete e vinto cinco da manhã e na última frase de “Os Miseráveis”. Que bobagem. Eu acabei de nascer...

4 comentários:

Goiano disse...

oi moço
tudo bom eu to comentando aqui
mas no seu outro blog
tem um post q queria tantooooo copiar... o que fala de blueberry nihts e closer... por favor
hehehe
me da um ok?

mariana disse...

WOW

Rafael R. disse...

muito prazer;

Anônimo disse...

Ola...
Acho suas postagens otimas...apesar de ter algumas que não me agradam...rs...
Mas jamais achei que ia achar uma alma assim nessa internet de hj...
Continue postando ..por favor....ler e reler as postagens são alguns dos meus minutos favoritos aqui...
Até..