quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Com inteligência picante, Woody Allen prova que amadureceu com saúde

Meu trabalho final da matéria Jornalismo Cultural foi sobre o filme “Vicky Cristina Barcelona”. A quem interessar possa, segue a versão resumida. :)



Ansioso, Woody Allen trata de explicar bem rápido ao expectador sobre o que é seu filme. Em “Vicky Cristina Barcelona” não é diferente. Por meio de um narrador, o cineasta nos apresenta duas jovens americanas - a conservadora Vicky (Rebecca Hall) e a aventureira Cristina (Scarlett Johansson). As amigas, que tem opiniões totalmente diferentes sobre o amor, viajam para Barcelona. A fim, simplesmente, de passar as férias de verão por lá, elas acabam se envolvendo em confusões amorosas com um pintor libertário, sedutor e extravagante (Javier Bardem) e sua insana e igualmente libertária ex-esposa (Penélope Cruz).

Com exceção da novata Rebecca Hall, seu elenco é muito conhecido e premiado mundo afora e Barcelona é um cenário colorido e caliente que ainda não havia sido explorado por Allen. O diretor tem em suas mãos armas pesadas, mas acerta o público alvo.

O elenco, em especial as mulheres, tem muito a oferecer. Entretanto, não há espaço para improviso. O que é bom. O texto de Woody Allen é recheado de piadas inteligentes e frases de efeito intrigantes e que fazem pensar.

Todas as dúvidas sobre o que é o amor e como ele é relativo estão no filme. E são apresentadas logo nos créditos, pela música “Barcelona”, de Giulia y Los Tellarini, que, com violões despretensiosos, nos pergunta "Por que tanto se perde e tanto se busca sem se encontrar?". E você vai sair do cinema cantarolando esses versos sem perceber.

Também é bom ver que a atual favorita do diretor cresceu e apareceu ainda mais. Em “Scoop”, de 2006 e também de Woody Allen, Scarlett Johansson não convencia. O papel pedia uma pessoa mais jovem e ela passou por momentos meio embaraçosos, nem ela parecia acreditar no que estava falando. Já em “Vicky Cristina Barcelona” o papel foi feito para a moça, que se sente à vontade e, portanto, dá um show de atuação. Precisa, detalhando os pensamentos de sua personagem, mas sem exageros.

E o humor cínico não aparece apenas nas falas. A história intensa mostra muito da arquitetura de Barcelona, mas não deixa tempo de criticar a cidade. Woody Allen limita-se a alguns pontos turísticos, mas insere críticas boas e ruins, como a exaltação ao clima das rodas de violão e o fato de que ninguém se preocupa muito em trabalhar.

“Vicky Cristina Barcelona” já é o recorde de bilheteria do diretor por aqui. Além de ter um belo elenco de estrelas, é um filme de verão charmoso. Todo mundo sai do cinema comentando algo, inegável. Não é um filme sobre sexo com libertinagem solta e explícita, tampouco uma cópia de Pedro Almodóvar – a belíssima fotografia quente e colorida de Javier Aguirresabore dá mesmo essa impressão. Mas também não é um romance tão simplista como o de “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), que, com humor, reduzia as absurdas neuroses dos relacionamentos amorosos a piadas – excelentes, mas piadas. Há humor, claro. Mas ele é mais comedido, adulto e, muitas vezes, provocador. “Vicky Cristina Barcelona” prova que até Woody Allen pode amadurecer ainda mais. E com saúde.

Para ouvir depois de ler: Barcelona - Giulia y Los Tellarini

6 comentários:

Serginho Tavares disse...

adoro woody
tentei te seguir no twitter mas tu nem quis...
:/

Alfredo Souza disse...

gostei, do texto e do filme ;-) mas isso vc já sabe.

All about... (vegan) food disse...

Fiquei com mais vontade de ver o filme, mas acho que perdemos ele nos cinemas daqui, vou ter que esperar o DVD =/

de Andrade. disse...

Ainda não assisti ao filme e o seu resumo me deu mais vontade de assiti-lo.
Espero que a atuação da Scarlett esteja tão "vazia" como em Encontros e Desencontros.
Eu gosto do Woody Allen mas prefiro os roteiros do Korine.

Anônimo disse...

ótima crítica, de um ótimo filme.

Mundo Mineiro disse...

filme pessimo!!!
neeeem se dêem ao trabalho de assistir isso...ele é um bom cineasta e tals maas esse film é uma verdade porcaria ¬ ¬