domingo, 3 de janeiro de 2010

Julie, Julia, Meryl, Amy e Nora!

Senhoras e senhores, estou encantado com “Julie & Julia”, filme que acabo de ver, estrelando Meryl Streep e Amy Adams, até-então-moça-de-um-papel-só. Mas preciso, antes de falar dele, apresentar-lhes sua diretora.

Nora Ephron pode ser alguém que você nunca ouviu falar antes, mas ela está por trás das melhores comédias românticas já feitas. Nenhuma delas é estrelada por uma Julia Roberts esperando que um homem rico a salve. Um traço de Nora é exatamente ter heroínas independentes como protagonistas e também dar um pouco mais de voz ao homem – coisa que raramente acontecia no gênero.

Por isso ela brilhou absurdamente em longas como “Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro”, de 1989, “Mensagem Para Você”, de 1999, e como roteirista de “Linhas Cruzadas”, de 2000. Apesar desses méritos – que até lhe valeram três indicações ao Oscar –, ela também é a culpada pelo fracassado “Bilhete Premiado”, de 2000 e pela absurda adaptação de “A Feiticeira”, de 2005 – o que foi essa ideia e como assim um filme sem Larry Tate?

Enfim, esses deslizes valeram um suspiro dos profundos e eu acabei esnobando “Julie & Julia” um tempo. Mas, convenhamos, sabia que não era uma comédia romântica, que era baseada em fatos reais e, ora, se tem Meryl Streep no elenco então a gente precisa ver! E se tem Meryl Streep e não tem o James Bond cantando Abba, melhor ainda.

O longa traça um paralelo entre a vida de Julia Child, famosa autora de livros de culinária e apresentadora de TV, e a de Julie Powell, que quer cozinhar todas as 524 receitas do livro “Mastering the Art of French Cooking” no período de um ano enquanto posta na web sua experiência. O filme é, portanto, baseado em livros, cartas e em um blog.

É curioso se surpreender com Meryl Streep. De fato uma das melhores e mais versáteis atrizes de Hollywood, ela tem como hábito surpreender as pessoas. Surpresas são inesperadas e, se forem rotineiras, deixam de ser surpresa. Esse antagonismo é que me deixa intrigado com o talento dela. Como ela consegue? Já sobre Amy Adams, lembro que assisti “Encantada” e pensei “essa menina vai viver para sempre sendo lembrada por esse papel”. Ledo engano. Julie não é a persona mais complicada de interpretar, mas a imagem de princesinha da Disney não chega perto desse longa. Stanley Tucci também está adorável como marido de Julia.

Esse é um desses filmes que fazem todo mundo sair da sala de projeção com algum plano na cabeça, com uma vontade de mudar algo. Uma reorganizada no armário que seja. Alguns vegetarianos não vão gostar de algumas cenas, mas faça como eu e coma algo antes de entrar no cinema. A tentação nem chega perto daquelas cenas quase pornográficas do filme “Chocolate”, por exemplo, mas existem alguns momentos onde você ouve um coro de “hummm” por entre as poltronas.

Apesar de todo mundo se deliciar no desenrolar da história, senti que faltou um desfecho. É como se o filme acabasse no meio, o que me levaria a chamar sua existência de sem propósito se eu já não tivesse aprendido a lição mais sagrada da sétima arte: não deixar que sua opinião sobre o final apague o prazer que você teve ao longo do filme.

Para quem ficou interessado na história, eis o link do blog de Julia Powell aqui! Bon appetit!

Para ouvir depois de ler:
Simple Kind of Life - No Doubt

Um comentário:

Camila Beaumord disse...

aaah, tô pra ver esse filme!
bom ler uma crítica positiva a respeito :)

beijos,
cammie